19 de fevereiro de 2014

Um preço alto

Um cidadão com quem eu conversava sobre a atual situação do Brasil me disse um dia desses: "Se aquele cinegrafista que morreu não fosse jornalista talvez nada disso tivesse acontecido depois. Nada de protestos generalizados, de mudanças de leis, de palavras de ministros, nada".
Talvez não tivesse mesmo. Não na mesma proporção.
Mas é triste constatar isso. E a que ponto vai a irresponsabilidade de grupos não se sabe ainda financiados exatamente por quem, que destroem patrimônio público e agridem pessoas indiscriminadamente. Para tanto, "assessorados" por uma Polícia incompetente e incapaz de conter multidões e separar quem protesta de quem destrói.
Geralmente as reações chegam quando os atos fogem do controle, do racional. Aqui no Espírito Santo havia um deputado que, em tom de blague, dizia que a imprensa era, não a quarta mas a primeira força no Estado brasileiro. O Primeiro Poder. Um dia ele foi à tribuna da Assembleia Legislativa e bateu no peito gritando: "Eu tenho a força". Era sua forma de dizer que ninguém seria capaz de prendê-lo. Foi preso pouco tempo depois, levado para a cadeia e não tem mais mandato até hoje. Eram públicos e notórios seus vínculos com o jogo do bicho e outras atividades ilegais.
Como no Brasil a desordem moral vem de cima para baixo, começando pela Praça dos Três Poderes, as mudanças chegarem à base da pirâmide demora. Mas chegam. Natan Donadon está na cadeia. Ex-ministros também. Um ex-governador passou por lá. E a tendência é que a cada dia, a cada mês, mais e mais a consciência crítica desse País cresça, exija, modifique. Sem matar, sem destruir, usando apenas de sua força moral. Os black blocs vão tentar atrapalhar, muitos lutarão contra, detentores de poder farão de tudo para preservar seus privilégios mas o que está errado mudará. O festival de sandices atual e que proporcionou os desmandos da Copa do Mundo tem os dias contados.
Pena que Santiago Ilídio Andrade tivesse que morrer. Foi um preço alto.

2 comentários:

Aldo José Barroca disse...

Abordagem perfeita, como é de seu feitio. Parabéns, Álvaro.

Anônimo disse...

Desde o assassinato do Tim Lopes pelos donos do pó começaram a acontecer umas poucas ações da classe política dominante que sequer consegue dominar a droga aliás, são eles a maior droga. Estamos pagando com vidas o pecado que cometemos nas urnas colocando no poder uns pseudo bolchevistas que querem o totalitarismo que combateram como bandeira para si próprios! Estamos pagando caro!