9 de setembro de 2014

Aviões e fretamentos ilegais de campanha política

Eduardo Campos em frente ao avião no qual morreu. Fretamento ilegal
Quando o avião onde estava Eduardo Campos se espatifou contra o chão em Santos, ele não deixou apenas sete mortos. Acabou também expondo um fato mais ou menos escondido, mas conhecido em setores ligados à aviação e que acontece em todo o Brasil, não apenas com candidatos à presidência da República: o uso irregular, ilegal, de aviões durante campanhas políticas. É imensa a quantidade de pessoas que fazem isso e igualmente a dos que sabem e se calam.
O normal durante campanhas seria os candidatos, de preferência por intermédio de seus partidos ou coligações, alugarem aeronaves de empresas aéreas. Aquelas que fazem táxi aéreo. Mas esses fretamentos são caros por que se trata de instituições registradas, com CNPJ e um monte de impostos a pagar. Têm que manter tripulações, serviços de manutenção, de comissaria de bordo e tudo isso impacta muito o preço final. Pagar por quê? Há "dribles", e muitos, que podem ser dados.
Empresas de setores diversos ou empresários fazem leasings de aeronaves. Comprando ou alugando, tanto faz. Pagam pilotos e fazem contratos de manutenção e hangaragem em aeroportos ou aeroclubes diversos. Então alugam esses aviões ou helicópteros a partidos ou candidatos. Um aluguel ilegal por que aquele meio de transporte, assim adquirido, se destina a uso privado, das empresas ou empresários. Não pode ser alugado, fretado. O pagamento vai ser feito por fora, no caixa dois, da forma que for combinado. Até mesmo em dinheiro vivo vindo das arrecadações de campanha.
Esse uso irregular não envolve somente aeronaves de pequeno ou médio porte, que chegam a custar milhares de dólares. Muitas pessoas têm aviões pequenos, monomotores privados, para uso pessoal. Muitas vezes esses proprietários, que também são pilotos, alugam informalmente suas aeronaves para candidatos. Dá uma ótima renda extra. Levam as pessoas para lugares diversos em campanha. Para todos os efeitos, estão emprestando seus aviões ou helicópteros, mas engordando o caixa pessoal. Tudo isso é ilegal e perigoso por que não há controle de manutenção correta na maior parte dos casos.
Pode haver também o caso de empresas que cedem aeronaves aos candidatos como parte de acordos de campanha. Nesse caso não há pagamento do aluguel. O contribuinte vai pagar depois nos contratos superfaturados que serão feitos após as eleições. Em alguns casos chega-se ao cúmulo de fazer contratos informais prevendo pagamento de leasing com saldo de dinheiro da campanha no caso de derrota eleitoral. No prejuízo o empresário não fica de forma alguma.
E depois? Passado o período eleitoral, aviões alugados ou adquiridos por leasing são devolvidos. Acordos, com os fabricantes ou outros, os destinam a proprietários seguintes. Com os arrendadores fica o dinheiro arrecadado ilegalmente naquele período. Costuma dar um belo lucro!
Podem acreditar: isso acontece no Brasil todo. Está acontecendo agora, nesse exato momento!      

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