2 de novembro de 2014

O direito de reagir

A Polícia Militar espanca um cidadão que protesta. Queremos isso de volta?
Ao mesmo tempo em que gente sem passado ou usando de má fé promove passeatas e outras manifestações pedindo a volta dos militares ao poder, o ex-presidente Lula dá uma declaração dizendo-se cansado de ouvir que os petistas são corruptos. Há um descompasso claro entre o Brasil real e o com o qual sonha nosso apedeuta boquirroto. E esse descompasso não vai levar a golpe de Estado, à volta dos militares ao poder, mas sim provocar uma instabilidade política capaz de causar mais danos ao Brasil do que a má fé dos números da economia, os mensalões, os petrolões e demais roubos.
Sim, porque por mais que o ex-presidente se sinta cansado, nunca antes na história desse País se roubou tanto. E, segundo a revista Forbes, Lula tem US$ 2 bilhões de fortuna. Veio de onde?
As delações premiadas mostram que a gatunagem sobre a Petrobras é bem maior do que se pensava. Milhões de dólares foram roubados. Até empreiteiras acostumadas às negociatas dos contratos públicos agora já querem fazer acordos. É inevitável que isso envolva empresários, políticos e a cúpula do Governo. E que, dentro da lei, com preceitos constitucionais à mão, alguém peça o impeachment da presidente. E se isso acontecer, caberá ao Congresso a decisão. E não se trata de golpe.
Sempre vi o discurso da presidente, no dia de sua vitória nas urnas, como mera retórica. Promessas de palanque, daquelas que o vento leva. Sua disposição ao diálogo vai se traduzir em conversas de bastidores com a oferta de cargos em troca de apoio. É só isso o que se faz desde 2003. A corrupção nasce daí: o político aliado nomeia um canalha para um cargo público de importância, esse sujeito arma o esquema de gatunagem, arrecada e depois o dinheiro é distribuído. Ou colocado em cuecas ou locais mais seguros.
Um dia alguém me perguntou como eu, com as convicções políticas que tenho e mantenho, pois me orgulho de haver sido filiado ao extinto PCB, pode ser contra o "governo da esquerda" e dar apoio à "extrema direita", corporificada por Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso, etc.
Gente, a luta de hoje não é ideológica. É ética, moral, de resgate da dignidade do exercício de cargos públicos. Esse governo que ocupa o Palácio do Planalto não é de esquerda e até mesmo seus projetos de cunho social foram criados e são mantidos com segundas intenções. Nem Aécio Neves nem Fernando Henrique são de extrema direita. Dessa extrema estão vindo aqueles que organizam as passeatas. E é a corrupção do Estado, e não seu lado falsamente ideológico, o caldo de cultura que as alimenta
O Brasil tem o direito de reagir, contanto seja essa reação feita dentro da lei. Ao abrigo da Constituição. 

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