16 de fevereiro de 2015

Olhando para o rabo


  • Se você lê as grandes revistas de circulação nacional, sabe: todos os colunistas regulares divulgam unicamente as "vantagens" do privado sobre o público. A escolha de Joaquim Levy como Ministro da Fazenda foi saudada como um marco histórico. Já no caso da ruralista Kátia Abreu o entusiasmo é mais medido. Ministra da Agricultura do "Governo de Esquerda", ela acaba sendo citada como uma curiosidade em vez de por sua pretensa capacidade. Seu vestido de "Pamonha do Campo" no dia da posse alimentou todas as piadas e também destacou seu gosto pelos jatos da FAB junto a um dos mais posa na primeira foto junto à presidente Dilma Rousseff, que a sustenta ou engole. De Levy não se faz piada, engraçado!
Época desta semana sintetiza o pensamento geral em um artigo da sessão "Nossa Opinião", com o quilométrico título "Sem ajuste fiscal não haverá emprego nem programas sociais". Talvez por pudor o texto não é assinado. Afinal, é a empresa quem banca esse tipo de opinião.
Não existe tratado sério de economia que determine a competência ou a incompetência de empresas unicamente por terem controle privado ou público. O que faz das empresas sucesso ou fracasso é a gestão. Nada mais. Se são geridas de forma profissional e capaz dão certo. Caso contrário, fracassam. E foi o PT, e mais ninguém, o responsável pela disseminação no Brasil da ideia de que tudo deva ser privatizado, sem o que fatalmente fracassará. Fez isso trocando favores por cargos, colocando gente incompetente na gerência de empresas, dilapidando e roubando dinheiro público.
O "privatismo" no Brasil começou com Fernando Henrique Cardoso. Mas tentou ser sério embora as empresas públicas brasileiras, como a Vale, tenham sido privatizadas por preços defasados. Quando Lula e depois Dilma chegaram ao poder, de certa forma as privatizações cessaram. Mas a elas deu lugar a negociata de cargos. E isso abasteceu de argumentos aqueles que defendem a prevalência do privado sobre o público apenas e tão somente pelo fato de o controle ser ou não do Estado.
Aos que têm memória curta, um lembrete: foi durante os 21 anos da ditadura militar que mais se estatizou no Brasil. Mas na época ninguém criticava. Era perigoso e os patrões não queriam deixar de mamar nas generosas tetas da Nação que só ajudava aos aliados. Até hoje, como se vê na segunda figura deste texto, saudosistas choram a ditadura por seu legado estatista.
O que faz do Brasil um fracasso no campo das empresas públicas é que elas não são organizações profissionais, mas moedas de troca. Sempre foram. Mas somente de 2003 para cá essa prática foi levada às últimas consequências pelos governos petistas. Como não houve limites para as negociatas e as trocas de favores, aí está a Petrobras, um gigante brasileiro prostituído, para alimentar colunas e matérias jornalísticas. Petistas, não culpem a "grande imprensa" por isso. Olhem para trás, vejam o tamanho de seus rabos, a imensidão de sua incompetência, a monstruosidade de sua falta de ética e reconheçam: vocês ainda não destruíram, mas estão destruindo o Brasil.
E ajudando na construção de teses econômicas que não se sustentam em nenhum trabalho acadêmico sério.
Em tempo: Talvez filosoficamente, muitos sustentam que o papel do Estado é o de prestar serviços e não de empreender. De regulamentar e não dirigir empresas. Sim, pode ser. Mas essa é uma outra história, uma outra discussão que envolve, agora, muito de ideologia política.        

Um comentário:

Unknown disse...

Perfeito, Álvaro.