16 de julho de 2015

A passageira da TAM

Nossa Esplanada dos Ministérios. Lotada de nulidades e cargos de confiança
Terça-feira última uma passageira do voo da TAM que decolaria às 07h15m de Vitória para Brasília foi retirada do avião pelo comandante. Ao notar que a bordo estavam vários políticos estaduais e federais, alguns até desafetos uns dos outros, ela teria dito que se fosse jogada uma bomba no avião o Brasil se livraria de muita gente inútil, que lhe provoca danos. Ou isso ou coisa parecida. A atitude foi considerada desrespeitosa e talvez alguns não a merecessem. Ela teve que pegar outro voo.
O que acontece com o Brasil de hoje que nos faz tão descrentes? Primeiro, não é correto dizer que houve roubo na Petrobras. Não foi isso. Houve e está havendo uma bacanal com o dinheiro público que atinge não apenas a petroleira brasileira, mas também o BNDES e quantas mais instituições possam ficar ao alcance das trocas de cargos por favores políticos. Afinal, temos 39 ministérios e 25 mil cargos de confiança. Hoje mesmo até cerca de cinco mil falsificações de carteiras nacionais de habilitação foi descoberta. Rouba-se de tudo e nunca de tudo um pouco. É de tudo o máximo que puder ser retirado e colocado em cuecas, calcinhas, cofres, etc.
A passageira da TAM surtou por isso.
Um ensaísta inglês de nome Paul Johnson escreveu no livro Uma história do povo americano que o fato de os Estados Unidos serem hoje a maior potência do mundo foi determinado por várias circunstâncias. "Mas o mais importante é sempre a qualidade das lideranças. Afortunadamente para a América, a geração de políticos que emergiram para liderar as colônias rumo à independência foi um dos mais formidáveis grupos de homens da história: sensíveis, mentes abertas, corajosos, bem-educados, talentosos, maduros e dotados de visão". E depois da independência também.
Você não gosta dos Estados Unidos? Não gosta do capitalismo? Pois do capitalismo também não gosto eu, mas esse argumento de Paul Johnson é irrefutável. Quem você quer comparar com George Washington e Abraham Lincoln, por exemplo? E outros - muitos - poderiam ser citados.
Vejam então a dimensão de nossa tragédia: se Dilma Rousseff, a mais despreparada presidente que o Brasil jamais poderia ter fosse derrubada, quem você preferiria no Palácio do Planalto? Michel Temer? Eduardo Cunha? Renan Calheiros? Lula? Colocar aqui o nome de Collor é ofender sua inteligência. Até mesmo nossa oposição lúcida é vacilante e às vezes oportunista. Aécio Neves que o diga. Perdemos Ulysses Guimarães e Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso não parece ter mais vigor para uma luta como essa. Nossa política é depauperada e não tem jovens valores.
Resta-nos um Judiciário corporativo para punir todos os crimes praticados. Mas, claro, depois que os aumentos forem votados. Não será pouca coisa caso isso aconteça. Mas não será muito se um grande vácuo de homens dignos, preparados, corajosos, sensíveis nos surgir adiante.
A passageira da TAM surtou por isso. Coitada dela, deveria ter tido o direito de seguir viagem.    

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