9 de julho de 2016

O hábito da mentira

O Brasil se acostumou, desde talvez alguns séculos passados, à mentira oficial. Um exemplo disso é que a "Revolução de 31 de março" na verdade aconteceu no dia seguinte, 1º de abril de 1964. Mas como ela não poderia ser comemorada no "dia dos mentirosos", o engodo foi encampado à história.
Abro dessa forma esse texto para me reportar a um fato dessa semana que se encerra hoje: ministros do Governo Temer, um ao lado do outro, como um grupo de colegiais, anunciando a redução do "rombo" em 2017, que cairá, segundo eles, de 170 para 131 bilhões de reais. Como? Através de uma série de reduções de despesas como os pagamentos a inválidos da Previdência.
Gente, onde está a reforma do Estado? Onde está a redução do custo Brasil? Onde está a demissão de mais de quatro mil apaniguados do PT contratados nos últimos anos e cujas cabeças Temer prometeu, mesmo sabendo que esse número nem representa 10 por cento do contingente de cargos comissionados contratados nos últimos 13 anos para instrumentalizar o Brasil? Onde está a redução dos ministérios? Onde está, sobretudo e principalmente, a eliminação dos privilégios brasileiros? Temer sabia que não faria 90 por cento do que prometeu. Mentiu e mandou seus ministros discursarem em nome da redução do déficit monstruoso das contas públicas. Do Brasil inchado. Há pagamentos indevidos na Previdência, sim. Mas nem chegam aos pés dos demais tipos de roubos. Mas também há no Bolsa Família. Por que ele não ataca por essa trincheira?
Tirar Dilma Rousseff do Palácio do Planalto era e é uma necessidade. Nunca antes na história desse País se viu tanta corrupção. Da mesma forma, era e é uma necessidade que seu impeachment passe pelo Senado em agosto próximo. Essa faxina tem que se feita e completada. E é preciso, em 2018, os brasileiros encontrarem um líder para levar esse Brasil a porto seguro. Claro, o líder não é Temer, Dilma, Lula, Aécio nem nenhuma das outras figuras existentes hoje. Mas há tempo para que surja.
Temer mentiu por saber, desde o início, que não teria forças para enfrentar as corporações dominadoras do Brasil. Corporações essas que não se limitam ao barulho feito por funcionários públicos insatisfeitos com o congelamento de seus privilégios, mas que também se corporificam nos grupos de interesse do Legislativo e do Judiciário. Existe, gente, sobre a face da terra, algo mais disforme, mais canalha, mais despudorado do que esse tal de Centrão da Câmara dos Deputados?
Hoje, todas as grandes revistas noticiosas semanais de circulação nacional tornaram-se discursos monocórdios. Só escreve nelas quem defende a privatização de tudo e de todos. Mas os escândalos brasileiros não têm como grandes protagonistas os maiores conglomerados empresariais brasileiros? Então como colocar na conta de nossos dissabores apenas e tão somente a inépcia do Estado, quando sabemos que ela deriva, não do fato de as empresas públicas serem incapazes por princípio, mas de nossa "tradição" de distribuir nomeações com cargos de direção de estatais a apaniguados? O Estado tem que existir, e empresas públicas só são eficientes quando dirigidas profissionalmente.
Fiz um texto de perguntas. E isso por um motivo claro: se a gente não responder a todas elas em prazo curto ou médio, a crise brasileira só irá se agravar. E outros aproveitadores, outros despreparados como Lula se aproveitarão do fato para chegar ao poder com demagogia e corrupção.          

Nenhum comentário: