8 de agosto de 2017

As quadrilhas políticas

 A vida política brasileira é um jogo de cartas marcadas onde os jogadores, eleitos pela população, agem em benefício próprio ou de corporações. O episódio do projeto do REFIZ e que hoje é assunto no Congresso mostra isso de maneira clara.
O governo federal tem bilhões de dólares a receber de empresas que não pagaram impostos. O REFIZ serve justamente como um instrumento negociador de dívidas e que visa fazer com que esses devedores parcelem e quitem seus débitos. O projeto foi mandado ao Congresso e quem surgiu para ser o relator da matéria? Um dono de empresa devedor de impostos e que, juntamente com outros na mesma situação, descaracterizou totalmente o projeto para que, ao final, quem não pagou impostos fique praticamente responsável somente pelo principal da dívida, sem pagar nem os juros e nem as correções monetárias que o cidadão comum é obrigado a quitar junto ao fisco quando falha com suas obrigações fiscais.
Não existe na nossa legislação texto algum que impeça interessados de lidar com assuntos legislativos nos quais eles são parte e, claro, vão legislar em causa própria e de seus parceiros. Isso não acontece somente no REFIZ, mas em quase tudo o que bate no Congresso Nacional para virar lei que pretensamente protegeria a população.
Assim, a bancada ruralista quer perdão de dívidas e empréstimos a juros de papai para mamãe. A bancada evangélica quer impedir o progresso da ciência e, ao mesmo tempo, continuar arrecadando dinheiro de seus fieis para enriquecer cada vez mais.
Aliás, nesse caso, o principal projeto evangélico é o de poder. Eles querem esse poder para impor sua maneira de pensar ao restante do País, obter mais vantagens ainda e acabar com os princípios que regem o Estado Laico. E são esses princípios, de absoluta liberdade religiosa, que garantiram e garantem ao Brasil a condição de Estado sem problemas de conflitos nessa área. Aqui as pessoas são livre para exercer suas crenças ou crença nenhuma, sem que por isso possam ser perseguidas.
Portanto, não são apenas as propinas e demais formas de roubos de dinheiro público as nossas principais chagas políticas. Também sofremos com as quadrilhas corporativas e que usam a atividade legislativa em benefício de seus grupos de interesse.

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