2 de janeiro de 2019

Como uma freira...

Jair Bolsonaro (E) sobe a rampa com sua esposa, o vice e a mulher deste
O Brasil reatou relações diplomáticas com Cuba, ainda durante a ditadura e depois de haver cortado essas relações logo após 1964. Não havia mais razão lógica para a ruptura e os dois países sabiam disso. Fidel Castro também tinha a exata noção de que todo o cuidado era preciso. Então chamou ao Palácio seu mais brilhante diplomata, disse a ele que seria o embaixador no Brasil e que possuía experiência e conhecimentos para tal. Completou: "Comporte-se como uma freira".
Izidoro Malmierca, o diplomata cubano, veio para o Brasil, apresentou suas credenciais e fez de sua passagem por aqui um misto de competência e discrição como raramente se vê. Quando foi removido, o caminho estava sedimentado e a ditadura militar brasileira era sepultada.
Hoje, depois de Jair Bolsonaro tomar posse e pela enésima vez dizer que é modelo de honestidade, vale recordar essa história. Sim, porque modelos de honestidade correm para explicar tudo o que pode gerar dúvidas como, por exemplo,a história do motorista de um dos filhos flagrado com movimentação bancária inexplicável para seus ganhos e que, em vez de comparecer para prestar depoimento e se explicar, sumiu. Evaporou. Está muito doente! Mas não parecia quando deu uma entrevista a emissora "amiga" falando sem explicar nada. Vende carros? Quais vendeu, quanto gastou, quanto lucrou e que documentos tem para provar que os ingressos de dinheiro em suas contas bancárias aconteceram nos dias de depósito dos vencimentos dos membros do Poder Legislativo do Rio de Janeiro por mera coincidência? Mesmo que seja por muita, mas muita coincidência mesmo.
A reação dos apoiadores do novo presidente quando esses fatos são comentados é sempre a mesma: outros tiveram movimentações financeiras bem mais suspeitas e "ninguém fala nada". O COAF só se preocupou em denunciar um fato porque respinga sobre um dos filhos de Bolsonaro. E daí se é real? O responsável pelo COAF foi prontamente afastado. Por quê? Ora, nos outros casos os fatos inexplicáveis eram de corruptos, certo? Esse não; esse é dos paladinos da moralidade pública!
Jair Bolsonaro não é bobo de não saber que sua fama de incorruptível vai ser testada de agora em diante todos os dias, de todas as formas. A dele e as dos filhos e fieis escudeiros. Afinal, honestidade nesse caso é bandeira de campanha para quem pretende até livrar o Brasil do "jugo" do socialismo, isso em uma sociedade bem diferente da ditadura que ele apoiou por 21 anos e nega hoje.
Vou colaborar com Jair Bolsonaro. Agora que ele já subiu a rampa e não quer descer por ela antes do tempo, mire-se no exemplo do diplomata cubano. A situação pode ser inversa no tocante à ideologia política, mas não no que diz respeito aos cuidados com os tempos. É preciso que o governante se comporte como uma freira castíssima. E em um convento, de preferência
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Um comentário:

David disse...

Gostei do artigo Álvaro.
Vamos aguardar o que vem a frente.
Só espero que eu esteja de frente.
David seu vizinho.