21 de janeiro de 2019

Fé cega, faca amolada!

A legião de bolsonaristas, os brasileiros que não admitiram mais uma reeleição do PT e se uniram ao outro lado tem se reduzido devagar depois da eleição de seu "mito". Mas mesmo assim continua imensa. Grande e cega na maior parte dos casos. Tanto que ninguém aceita um único questionamento, mesmo com evidências claras, quase provas de crimes. É o caso dos episódios reunindo o "homem de negócios" Queiroz e o filho puro do presidente Messias, Flávio Bolsonaro.
Quando alguém - pessoa ou órgão de comunicação - fala do assunto o mínimo que se ouve é: "Mais o PT roubava muito mais e ninguém fala nada". Errado. Lula está preso, dezenas foram processados e alguns estão na cadeia. E isso aconteceu também com o "entorno" formado pelos demais partidos da antiga base. Só no Rio de Janeiro um ex-governador e um governador estão presos.
Mas que ninguém toque em Bolsonaro! Ele é um caso de fé cega, faca amolada!
Do início da campanha eleitoral até agora perdi meia dezena de pessoas próximas nas redes sociais. As mais ferrenhas defensoras de Messias são as mulheres. Elas formaram um exército brancaleone de fieis escudeiras do novo presidente. Agora dizem que mesmo se alguma coisa for provada contra Flávio Bolsonaro, o papai nada tem a ver com isso. Não sabia de nada. Como Lula.
O caso é indício de "rachid", uma velha prática brasileira. O político contrata seus cargos comissionados e o contratado deixa parte do salário para o contratador. A justificativa são os gastos de campanha. Da campanha futura. Mas esse numerário serve para tudo. Um político já falecido disse-me uma vez que hoje os cargos comissionados são sempre - ou quase sempre - cabos eleitorais que ganham o emprego por serviços prestados em campanha. Ou seja: eu pago o trabalho deles para o político eleito. Mas em muitos casos o contratado tem que fazer o "racha". Esse político me disse que 80 por cento dos pares dele tinham essa prática. E, claro, isso acontece no Brasil todo. Só que é crime e as pessoas o cometem porque acham que as leis estão erradas. Nunca eles.
Flávio Bolsonaro e Queiroz têm que ser investigados, sim. Até o final. Mesmo agora que o primeiro explicou: ele fez um negócio de compra e venda de imóvel com a Caixa e, ao final, uma diferença de R$ 98 mil foi paga em dinheiro. Muita grana para se ter em mãos. E que poderia ter sido toda ela depositada no caixa do banco em vez de com o uso de 48 envelopes de R$ 2 mil cada.
Não é verossímil!
Mas a turba contesta, não acredita, encontra argumento atrás de argumento para questionar. E o faz com raiva, com exaltação, como se vendo Jesus no pé de goiaba.
"Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada
Agora não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter que ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada".     

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