20 de março de 2021

O chacareiro

Tudo na vida do atual presidente da República tem cheiro de ditadura. Rigorosamente tudo. Na principal foto que ilustra esse texto isso pode ser visto: reeleito deputado federal pela terceira vez, há 20 anos ele já defendia em entrevista a volta do AI-5, o mais duro dispositivo ditatorial do período 1964/1985. Duro como mostra a capa da Folha de S. Paulo de dezembro de 1968 (abaixo) falando sobre o então editado ato que retirava dos brasileiros os direitos mais elementares de cidadania.

Mas não foi surpresa para mim saber que ontem, ao receber telefonema do ministro Luiz Fux que o inquiria sobre declarações feitas no no chiqueirinho do Palácio da Alvorada, ele tenha desconversado e afirmado não falar sério quando disse que defendia o estado de sítio no Brasil. Esse dispositivo legal da época da ditadura (que ele adora, ama de paixão!) era uma espada que os ditadores de então apontavam para o peito dos brasileiros sempre que os protestos contra a ditadura recrudesciam.

Ele não gosta do estado de sítio? Deve gostar do estado de chácara! É um chacareiro, só que frouxo!

O atual presidente tem horror aos governadores por ser legalmente obrigado a dividir responsabilidades com eles. Odeia principalmente o do Estado de São Paulo, que tem musculatura política para enfrentá-lo em 2022 numa eleição presidencial. Do ex-presidente Lula tem pavor pelo fato de este possuir condições reais de derrotá-lo na eleição, agora que está com os direitos políticos restaurados. Enfim, odeia tudo o que possa fazer sombra a seu projeto de reeleição, como os grupos que combatem a pandemia de Covid-19. Já pensaram se algum político se torna herói nacional na calda de cometa da erradicação do vírus no Brasil? Ele não gosta nem de pensar nisso. Então, morram os que tiverem de morrer.

Ele é, sim, um genocida. Por menos que aceite esse apelido tão oportuno e justo.

Não tenho dúvidas: esse Bozo vai continuar lutando contra os interesses do Brasil e em prol dos daqueles grupos "bolsomínions" que o apoiam incondicionalmente na batalha pela presidência. Os que vão às ruas em Brasília para levantar faixas com dizeres como "Intervençao militar com Bolsonaro no poder", "abaixo o Supremo Tribunal Federal" e outras coisas que ele adora ler e ouvir de paixão. Não são manifestações antidemocráticas, como se diz. São criminosas mesmo, pois atentam contra a Constituição.

Por isso, quando o ouço fazer pronunciamentos defendendo nosso texto constitucional que no fundo acha abjeto, não de me contenho ao pensar: esse sujeito é um fake news criado por nós, os brasileiros.              

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