19 de novembro de 2021

É notícia? Tenho que dar!


Trabalhei durante 27 anos num jornal diário de Vitória. Ao longo desses anos conheci muita gente digna, aprendi demais com elas, mas também convivi com muitos canalhas. Fazer o quê? O fato é que depois de tanto tempo passei a ter uma definição minha desse mágico termo chamado notícia. Vamos a ela: "Notícia é fato de interesse público". Simples assim. Não importa se gosto, se não gosto, se amo ou detesto a pessoa ou a situação que gerou essa informação. Tenho que dar e ponto final. Em último caso posso exercer o direito à opinião e meter o sarrafo. Mas só depois de noticiar.

Hoje o Jornal Nacional noticiou que o ex-presidente Lula está na Europa sendo recebido pelos  maiores chefes de Estado daquele continente. Gente que jamais recebeu Jair Bolsonaro presta homenagens ao ex-presidente brasileiro até mesmo em parlamentos europeus como pode ser visto na foto que ilustra esse texto. Claro que isso deve incomodar muito ao "bolsonarismo de raiz", já que o atual presidente brasileiro, exceto quando foi a Israel, até hoje só dialogou com ditadores. E adora essa gente!

Bolsonaro não pode reclamar de não ser notícia. Fala-se dele toda hora. Que censurou a Mafalda, que visitou a "Torre de Pizza", que proibiu o termo "golpe de 64" numa questão do Enem preferindo "revolução", que conversou com Jim Carrey durante a Cop 26 e muita coisa mais. Principalmente que "a floresta amazônica, por ser úmida, não pega fogo". Mas que está sendo devastada dia após dia como nunca antes foi visto, isso está. Só que presidente não fala isso. Tadinho, não pode se lembrar de tudo!

Nós vamos enfrentar muito mais até outubro próximo, quando deverão ser realizadas as eleições mais tensas e violentas de todos os tempos no Brasil. Eleições que Bolsonaro não queria ver de forma alguma. Se dependesse dele haveria golpe de Estado. Ou "intervenção militar" como pede aos gritos o gado que o segue para onde quer que ele vá, ainda que seja ao matadouro. Mas, enfim, como os tempos atuais não são mais como 1964, o ano da "revolução", talvez o "chefe de Estado" tenha mesmo que participar de uma festa da democracia contra a vontade. A maior de todas as festas!

E quem concorda comigo em que ele não vai passar a faixa?                          

Nenhum comentário: