26 de julho de 2022

A jogada final


Não se iludam: o Jair Bolsonaro que discursou domingo para seus seguidores no Maracanãzinho nunca desistiu e não vai desistir de tentar implantar no Brasil um regime político de extrema direita. Isso está tão entranhado nele que nem mesmo os conselhos de marqueteiros para que se contenha durante a campanha são mais aceitos. Ele é o que é: um traste que pretende arrastar ao caos os não seguidores.

Vejam uma coisa, o que é o nazismo?  Prega a reverência incondicional a um líder, usa de ufanismo exacerbado que sublima o falso patriotismo, defende o estado autoritário, cultua o militarismo e exalta a guerra, defende a existência de um partido único, despreza valores individuais, dissemina o ódio, tem aversão às minorias e uma necessidade paranoica de eleger um inimigo. Vocês estão vendo o presidente do Brasil nesse retrato? Filhote de Hitler? Aqui não há partido único, mas ele pretende que um dia haja.

Há alguns meses conversava eu com um jornalista que se iniciou comigo em A Gazeta e é filho de um grande amigo, também jornalista. Mas ainda se trata de profissional relativamente jovem, evangélico e levado ao reacionarismo político por maus aconselhadores. Defendeu seu ídolo de barro diante de mim, negando a verdade nazista na figura de Bozo: "Mas ele adora Israel!". De nada adiantou eu dizer que era preciso para ele ter um excelente disfarce de seus verdadeiros credos pois eles, os nazistas, hoje são criminosos. O antigo companheiro de redação não se convenceu.

Não se iludam porque já me iludi muito: o atual presidente não vai querer abandonar o poder. Não pelos meios legais, consagrados. Quantas vezes nós já o ouvimos dizer que cumpre uma "missão"? Que é presidente por vontade divina e que só Deus pode tirá-lo da presidência? A cada discurso, a cada aparição pública, a cada pesadelo com o inimigo Lula ele mais se idiotiza, mais se afunda em seus delírios e se apega àqueles que o acompanham, na maioria dos casos para obterem vantagens pessoais. 

O presidente do Brasil é um ser doente. Um sociopata e extremamente perigoso. Mas não vai ser capaz de dar um golpe de estado clássico, daquele dos tanques de guerra nas ruas porque 2022 não é 1964. No entanto tem como fazer muito mal a seus opositores. E ao Brasil sobretudo e principalmente. Essas eleições são a jogada final dele. Perdendo, talvez não tenha mais sequer como viver livre até a morte.                  

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo texto. Sua escrita retrata com objetividade nossa real situação. Você retrata bem a realidade de um país fragilizado e com poucas opções políticas.
Parabéns!