17 de agosto de 2022

Mera formalidade


Olhando a posse do ministro Alexandre de Moraes ontem como novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral foi possível ver como são tensas e distantes as relações de poder no Brasil de hoje, embora o novo comandante do TSE tenha cumprido à risca o protocolo e, inclusive, falado de maneira gentil com o chefe de Estado. Na prática, todos cumpriram mera formalidade, na maioria do tempo afastados de forma prudente pelo cerimonial, como é possível ver pela foto acima, do site 360.

O caldeirão vai ferver em breve e o pedido de trégua do traste é, como dizem os franceses, mero mise-en-ecène! Daqueles feitos para serem colocados na internet, nos grupos de fake news.

O presidente ficou a maior parte do tempo de falas sentado com ar de paisagem, estático e com o olhar perdido. Nos momentos de palmas ele não aplaudiu os elogios ao Tribunal, às urnas eletrônicas e a mais nada que escolheu como inimigo. Sua mulher, sentada de frente para os lugares reservados às autoridades mais altas comportou-se da mesma maneira. Estática, múmia paralítica, apressou-se em ir embora com o marido tão logo o presidente Alexandre de Moraes deu por encerrada a solenidade.

Foi possível ver que o ex-presidente Lula não olhou para o seu maior desafeto, a não ser em raros e inevitáveis momentos. O inverso também é verdade. E, indicativo do que vem por ai, enquanto a solenidade corria as redes sociais de ambos derramavam ataques os mais variados de uns contra os outros. Essa vai ser a primeira eleição na história do Brasil na qual o "demônio" tende a ser um personagem central. Entenda-se o que se quiser com isso. E por sorte ele não pode ser eleito.

O sistema eleitoral foi amplamente elogiado e o ministro presidente, aplaudido de pé. A democracia e suas instituições, da mesma forma. Como resumo da ópera é possível afirmar que Bolsonaro está a cada dia mais isolado em sua bolha, tanto que Nunes Marques, Augusto Aras e André Mendonça esforçaram-se para cumprir minimamente o protocolo. E uma última coisa precisa ser dita: ninguém falou das tais forças armadas. Para o bem ou para o mal, foram solenemente esquecidas. Trocando em miúdos, ficaram no lugar que lhes cabe e que é o limbo do processo político brasileiro.    

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom! Muito bom!
Descrição perfeita do que se viu na TELEVISÃO.
Pobre brasileiro que convive com a miséria e a dor destes governantes que temos.

Anônimo disse...

Uma C erimônia extremamente constrangedora para todos menos para Alexandre de Moraes que não arredou o pé do posicionamento institucional do TSE. E m parabéns ao cerimonial, que cumpriu com maestria todos os protocolos m previstos.