23 de agosto de 2022

O maquiador de fatos

Algumas pessoas acharam ruim a entrevista dada ontem à noite pelo presidente da República ao Jornal Nacional comandado por William Bonner e Renata Vasconcelos (foto O Globo de entrevista de 2018). Eu não. Maquiador de fatos como sempre foi, ele passou o tempo todo tentando dizer que não disse o que disse e não fez o que fez. Só para citar dois exemplos, chegou a insistir em que Manaus só ficou dois dias sem vacinas quando ficou nove e que nunca xingou ministros do STF quando, aos berros, dirigiu-se a eles com o termo "canalhas!"

Enfim, esse é o Bozo! 

Hoje teremos Ciro Gomes.  Amanhã ninguém, porque seria o dia de André Janones que renunciou ao direito de concorrer em dois de outubro. Quinta-feira virá Lula e sexta-feira, Simone Tebet. O mínimo que se espera deles é que tenham compromissos com a verdade. Aquela verdade à qual os jornalistas se apegam e que é a factual. Porque nos tempos modernos é impossível tentar maquiar fatos impunemente.

E também que falem de seus projetos para a hipótese de vencerem a eleição. Isso passou batido na entrevista de ontem porque em momento algum o chefe de Estado dissertou sobre o que pretende fazer caso seja reconduzido ao cargo por mais quatro anos a partir de janeiro de 2023. Não tem projetos ou não quer se comprometer com nada? Fica a dúvida.   

O presidente se negou a comprar vacinas logo no início da pandemia da Covid 19 e retardou a decisão enquanto foi possível. Insistiu no tal "tratamento precoce" mesmo contra todas as evidências, e à exaustão. Foi grosseiro uma infinidade de vezes com jornalistas e outras pessoas. Interferiu (ou tentou) na Polícia Federal, trocou todos os ministros que não foram submissos a suas verdades, apoiou com dinheiro público vários pastores de seitas picaretas para comprar votos e igualmente a criação do "orçamento secreto", com a mesma finalidade. Pior de tudo, mente dizendo que não há corrupção em seu governo quando pipocam casos aqui e ali praticamente todos os dias. E nem vou perder meu tempo para falar do entorno dele, como de filhos e mulheres. Nem vale a pena relembrar mansões e cheques.

Não sei se muita gente notou, mas o presidente trazia na palma da mão esquerda uma "colinha" com várias anotações. Não sei se a caligrafia era dele, do Carluxo ou de um assessor qualquer, mas não importa. Importa, sim, saber que mesmo controlado em termos de educação e respeito, foi o mesmo de sempre. Falou para o gado, o cercadinho que desde ontem o aplaude entusiasticamente.

Gado é assim mesmo!    

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