7 de setembro de 2022

Solenidade corrompida

O dia 7 de setembro ainda não acabou, mas já é possível lamentar a instrumentalização de uma festa cívica que deveria ser de todo o povo brasileiro e não de um presidente da República que se apropria dela em seu nome e de sua candidatura à reeleição para fazer proselitismo com o dinheiro do contribuinte no Bicentenário de nossa Independência. E dentre as muitas aberrações já vistas nessas comemorações, uma se destacou: imagem do empresário Luciano Hang, o Zé Carioca, com seu horroroso terno de paletó verde, gravata amarela e camisa branca postado na tribuna de honra do desfile de Brasília ao lado dos presidentes da República do Brasil e de Portugal.

É uma solenidade corrompida em seus valores!

A Constituição desse país, logo em seus "Princípios fundamentais", diz que ela tem como fundamentos, dentre outras coisas, "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". Em seguida diz também que todos são iguais perante a lei, o que representa consagrar direitos e deveres. Mas no Brasil de hoje há um homem e sua "familícia" acima das leis, questionando-as todos os dias. Persegue quem tenta domar seus instintos autoritários, suas crenças irretocáveis e sua determinação de agredir a todos os que o contestam.

No desfile de Brasília esse homem, o presidente, queria caminhoneiros na Esplanada. E se insurgiu contra a determinação do governador do Distrito Federal que, por medida de segurança, não permitiu essa participação. Caminhoneiros fizeram baderna em resposta a isso. Um marginal que atende por Roberto Jeferson, em nome não se sabe de quem, foi às redes sociais para protestar, insuflar desobediência civil e se referir a um ministro do Supremo Tribunal Federal chamando-o de "Xandão". Ao mesmo tempo tratores de produtores rurais desfilaram pela Esplanada representando o governo e não o Estado.

Está tudo errado.

Mas como sempre há luz no fim do túnel, quem puder ir a São Paulo não pode deixar de visitar o novo Museu do Ipiranga. Conheci muito o antigo e era lindo de viver! Esse é mais bonito ainda, com o dobro do espaço de exposições e um jardim que salta aos olhos. Melhor, reaberto ontem (foto), ele é um espaço do povo brasileiro, de todos e não somente daqueles que alimentam sonhos totalitários,                              

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns! Texto claro, oportuno e necessário!
É necessário falar até à exaustão.
Vamos sair desta.