1 de novembro de 2022

Que as árvores tenham sorte


No "discurso" de ontem no Palácio da Alvorada o presidente da República em final de mandato foi mais uma vez Bolsonaro de raiz. Não disse rigorosamente nada que prestasse. Sua fala poderia ter sido redigida por um pré-adolescente de dez anos. Não falou que perdeu a eleição, não citou o nome do eleito, desconheceu todos os fatos das últimas 48 horas e apenas se disse grato aos que votaram nele e que apoia apenas e tão somente quem respeita a não violência e o direito de ir e vir. Recado aos caminhoneiros mais açodados...

Mas isso não é o que preocupa. Ele, Bolsonaro, ainda vai habitar o Alvorada até 31 de dezembro próximo, tempo suficiente para fazer vista grossa aos desmatamentos da Amazônia, do Cerrado, da Mata Atlântica, do Pantanal e dos demais biomas brasileiros que no último debate contra o presidente Lula foram chamados por ele de "miomas". Não duvido nem um pouco de que faça isso. Que nossas árvores tenham sorte! Que os deuses indígenas brasileiros possam lançar sua rede de proteção sobre a floresta! Para proteger e criar, dois meses representam pouco tempo. Mas para promover a destruição isso é mais do que suficiente, como mostra a foto.

Os garimpeiros também devem receber a senha para avançar sobre as áreas de atuação ilegal. Os grileiros podem encontrar meios e modos de matar mais indígenas e ocupar terras públicas derrubando a floresta e abrindo imensos bolsões de espaços vazios a serem ocupados por gado e outras "criações". Como a festa está no fim, ainda há tempo para serem emitidas novas licenças ambientais, pode-se tornar legais milhares de toneladas de madeira nobre derrubada criminosamente em área de preservação como acontecia há bem poucos meses, durante o período do "passa a boiada". 

Há pressa, sim, pois o governo Lula vem aí. Mas aqueles que querem ganhar dinheiro fácil, mesmo que seja à custa do futuro de nossos descendentes estão com a faca e o queijo nas mãos por dois meses. Hoje, antes de iniciar a rápida leitura de seu texto de coisa nenhuma, Bolsonaro olhou para o lado e disse a alguém como que num sussurro que as câmaras flagraram: "Eles ainda vão sentir saudades da gente!". Talvez uns poucos sintam...          

Um comentário:

Anônimo disse...

Você escreve bem! Com objetividade descreve a situação deste nosso país dividido e violentado por agitadores incompetentes é um presidente perigoso. Triste!