7 de fevereiro de 2023

O Neto aplicado


Hoje é o dia de divulgação da ata do Copon que manteve a taxa de juros do Banco Central do Brasil em inacreditáveis 13,75 por cento ao ano. E a divulgação dessa ata terá a presença de Roberto Campos Neto, o presidente do BC e um seguidor incondicional do vovô Roberto Campos, o cuiabano que foi guru do pensamento econômico ultraconservador da época anterior e durante a ditadura militar brasileira, à qual serviu com dedicação. Quem não puxa os seus é monstro!

Ontem, quando o Copon se reuniu para traçar suas metas, recebi pelos Correios um impresso de um cartão de crédito que uso. Utiliza a cor vermelha...rsrsrs... Oferecia-me empréstimo de R$ 20 mil a juros camaradas, no ver dele. Calculei o pagamento em 48 vezes, como era ofertado e daria ao final R$ 50 mil. Duas vezes e meia o valor do empréstimo! No prazo menor de um ano as parcelas mensais não estariam ao alcance da maioria das pessoas que usam essa modalidade e, ao final de 12 meses a pessoa teria pago pouco mais de R$ 30 mil. 57 por cento de juros acumulados ao longo desse período.

Minha memória correu para a época da juventude. Morava atrás do Palácio Anchieta e um dia meu avô me deu uma certa quantia em dinheiro e me disse para procurar um certo fulano e acertar com ele a dívida contratada. Fui lá. O sujeito estava tomando cerveja em um bar que ficava na rua General Osório e no pé da Escadaria Doutor Carlos Messina. Falei do assunto e estendi o dinheiro a ele. Agradeceu, se levantou e guardou as notas ao lado do revólver cujo cabo aparecia por baixo da calça. Era um agiota.

Não sou economista, mas reservo-me e direito de questionar as muitas contestações que hoje são feitas ao atual presidente porque ele e sua equipe econômica acham escorchantes ou juros cobrados pelo banco que dita a referência do custo do dinheiro e impacta tudo o mais. Seus defensores julgam que esse é o remédio para o controle efetivo da inflação e eu, no alto dos meus muitos anos de jornalismo e de discussões sobre fatos econômicos me reservo o direito de achar que o remédio pode matar o paciente num Brasil destruído pelo extremismo de direita e que precisa crescer para atender aos pobres.

 Meu avô tomava dinheiro a agiotas na época em que empréstimo bancário era difícil e ele se recusava a dar a casa, seu único bem, como garantia de dívida. Hoje uma administradora de cartão de crédito cobra juros absurdos para emprestar a quem precisa. E por trás disso tudo está o Banco Central e sua política de combater a inflação arrochando o custo dos empréstimos que sufocam a economia. Mas essa é a receita de Roberto Campos Neto, que segue e cartilha do vovô e votou nas últimas eleições vestindo camisa verde amarela, uniforme do bolsonarismo, embora o correto fosse a neutralidade, ao menos em público.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sempre a mesma política. Juros altos, inflação sem controle e esquerda X direita e o povo entregando suas moedas ao agiota

Anônimo disse...

Sempre a mesma política. Juros altos, inflação sem controle e esquerda X direita e o povo entregando suas moedas ao agiota