No jogo de xadrez o xeque-mate é a rendição do rei. Ele não tem mais como se defender no tabuleiro e o jogador cercado derruba a pedra que o representa. Na vida real essa rendição, sobretudo quando se fala em super potências, é cada vez mais improvável. Uma guerra nuclear não teria vencedor, de modo que faltaria a mão para derrubar o monarca. Então a ninguém mentalmente são interessa esse xeque-mate.
Digo isso porque a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos em muitos provoca calafrios ligados à guerra nuclear. Bobagem. O presidente eleito é um fanfarrão, mas mesmo assim menos belicoso que Joe Biden. Ele conhece o terreno minado onde pisa e estará cercado por gente capaz de dar conselhos. Além do mais as forças armadas dos Estados Unidos dificilmente seguirão um residente maluco em direção ao abismo.
Trump é negacionista e isolacionista. Mas aqui no Brasil tivemos na chefia de governo até pouco menos de dois anos passados um outro que era filhote dele. Disse até um "y love you" para seu ídolo em encontro pessoal. Declaração de amor respondida com o protocolar "nice tho meet you too". Trump o vê como fã, nada mais. E a América do Sul nunca foi prioridade para a política externa dos EUA. Isso não vai mudar agora.
Trump pode, sim, taxar importações, mas para negociar depois. Isso causa prejuízos e inflação, mas para eles também. Vai continuar a levantar o muro na fronteira mexicana e a chamar os imigrantes de criminosos. Afinal, todo extremista de direita precisa de inimigos. Vive disso, seu pensamento se baseia nisso e o prejuízo para os mexicanos acabará maior do que para os outros. No horizonte próximo continuará a tratar a China como inimiga porque vê nela - e acertadamente - o país que suplantará o seu em breve no campo econômico. Os chineses gastam muito menos dinheiro que os norte-americanos em orçamento militar. Talvez Benjamin Netanyahu não tenha tanto a comemorar. Nem o inelegível por aqui. Mas isso precisamos ver depois. Barbas de molho devem colocar Irã e Ucrânia.
Há uma hipótese pouco avaliada hoje: a de que os remédios do presidente eleito prejudiquem a saúde de quem pretende beneficiar nessa "era de ouro" anunciada para seu povo. Se isso acontecer ele não deverá mesmo ter outro mandato, como anunciou.