3 de julho de 2008

Duas notícias


Eram duas as notícias a serem classificadas distantes no espaço mas não no tempo. Num dos casos, sem qualquer tipo de dúvida: o resgate de Ingrid Betancourt, na foto da AP com os dois filhos, tratava-se mesmo uma vitória contra o terrorismo. No outro havia a dúvida: teria sido aquele tresloucado palestino que atacou dezenas de pessoas com um trator - logo um trator - um terrorista ou simplesmente um homem que, de repente, perdeu a estribeira?

Gosto de ver os noticiários das TVs brasileiras em dias (noites) como a de ontem, 02 de julho.

Para a Globo, não restam dúvidas. O terrorismo foi derrotado na Colômbia. Mas até as convicções globais, tão sionistas em seus comentários, balançaram um pouco no caso seguinte: quem era o maluco do outro lado do mundo? Teria sido ele o autor de "um dia de fúria", como chegou a ser proposto. Aquele ataque, positivamente, não tinha "a cara" do hamas. Faltavam as bombas... Atacar com trator? Não faz sentido!

O homem do trator quebrou a unanimidade ao ter seu momento de fúria. Morto, não vai poder explicar seus gestos. E logo será esquecido porque o noticiário, por vários dias, se concentrará agora na certeza: em Ingrid e na vitória contra os terroristas das FARC. A visão ocidental de terror, aqui, não faz concessão alguma à dúvida.

Do tratorista não restará muita coisa. Aliás, o chefe de Estado de Israel já determinou que, "como manda a lei, sua casa deve ser demolida". Ou seja, não vai restar nem ao menos a casa. De forma que pouco importa se o indivíduo era terrorista ou não - tenha esse termo o significado que tiver para quem o usa - quando o terrorismo de estado, no caso de Israel, decide sua sentença, sem julgamento algum, mas com base "na lei".

Apesar dos seis anos de cativeiro, Ingrid poderá explorar sua unanimidade mundial da forma como bem entender. Inclusive indicando-se sucessora de Álvaro Uribe na presidência da Colômbia, quando as próximas eleições chegarem. Que azar, presidente!

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