15 de setembro de 2009

Formações sem sentido


Era amigo de um diretor de escola de ensino superior da Grande Vitória. Um dia, reclamando das excessivas regulamentações do governo, ele me disse em tom de desabafo:
- Álvaro, deveria ser livre a criação de cursos superiores privados, ressalvada a qualidade. Afinal, minha empresa não é pública e eu não seria louco de criar um curso de grego clássico!
Deve ter sido mais ou menos isso. E as declarações vêm à minha mente agora, quando leio todos os dias que profissionais de curso superior têm sido obrigados a aceitar trabalhos de nível médio ou menor. Ou então, de trabalhar em atividades totalmente alheias à sua formação acadêmica.
Claro que meu amigo, já morto, tinha razão. A escola era da família dele e eles criavam os cursos que queriam, podiam ou o governo permitia. Mas no ensino público deve ser diferente. No ensino mantido com o dinheiro dos nossos impostos, a formação teria de ser, obrigatoriamente, toda ela voltada para o mercado de trabalho. Não tem sentido como é hoje.
A maior parte dos profissionais de nível superior formados pelas universidades públicas é oriunda das classes média e alta. São eles os mais bem preparados para enfrentar os vestibulares. E muitas vezes consomem tempo e dinheiro público para se formar em uma especialização que o mercado não querer. Isso quando não se formam apenas para enriquecer o currículo e obter vantagens em empregos públicos ou ingressar neles através de concurso.
Não tem sentido, volto a dizer. Mas as coisas são como são. E nada nos tempos atuais indica que estejam próximas de mudar. Não há fumaça branca saindo da chaminé do Ministério da Educação, de onde costumam vir esses sinais, quando existem.

Nenhum comentário: