9 de fevereiro de 2010

Sobre caixas pretas


O reinício dos trabalhos de busca pelas caixas pretas do Air Bus A-330 da Air France, aquele acidentado em meados do ano passado (foto), vai trazer à tona uma pergunta: não seria mais lógico se o conteúdo desses dados eletrônicos ficasse também nas torres de controle dos aeroportos de origem ou destino - preferencialmente - dos voos, em vez de nos gravadores dos equipamentos?
Explico: vivemos a época da transmissão de dados por satélite. As caixas pretas podem gravar dados em seus gravadores e, ao mesmo tempo, fazer a transmissão para uma das torres de controle envolvidas nos voos. Uma vez que eles terminem, basta que tudo seja automaticamente apagado. E não há acesso público a dado algum. Se houver acidente, tudo o é que necessário para ajudar na elucidação dos fatos estará à mão caso os gravadores dos aviões se percam ou fiquem muito danificados.
Claro; isso tem um custo elevado. Claro; isso vai exigir mais sistemas de transmissão e recepção de dados em aviões e, sobretudo, aeroportos. Claro; vai expor tripulantes e aeronaves caso não haja um sistema de bloqueio de transmissões quando for desnecessário que se tenha acesso a elas. Mas, claro também, será mais fácil elucidar fatos.
Claro, por último, tais soluções não são encontradas por restrições feitas por diversos países, a maioria delas ligadas a questões de segurança. Aviões podem conter equipamentos sigilosos. Conversas entre tripulantes muitas vezes tocam em assuntos delicados. Leis, dependendo da procedência, protegem a privacidade. E todos sabemos que rackers invadem até computadores do Pentágono, de modo que não deve ser lá muito difícil interceptar transmissões aviões/torres de controle.
De qualquer forma, a segurança de voo, a melhoria dos aviões comerciais e as vidas humanas envolvidas têm uma importância bem maior. Mesmo depois do 11 de setembro, mesmo depois do crescimento de movimentos violentos mundo afora.
O acidente da Air France já poderia ter sido explicado se os muitos obstáculos legais tivessem sido contornados. O que confortaria - talvez - as famílias e evitaria fatos futuros iguais ou parecidos. Certamente!

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