9 de março de 2011

A criatura no fundo do poço


Começa a desmoronar, como se fosse um castelo de cartas, o espetáculo ilusionista de milagre econômico no qual se constituiu o segundo governo de Lula, em seu esforço descabido para fazer um(a) sucessor(a), fosse quem fosse, contanto pudesse manter seu grupo político no poder. Já foi anunciado um corte de mais de R$ 50 bilhões no orçamento. E vai ser preciso mais. Farras de gastos costumam terminar em ressacas de bolsos vazios.
Durante oito anos, usando e abusando de metáforas paupérrimas, o hoje ex-presidente tentou glorificar a seu governo e a si próprio. Agora, faz palestras auto-glorificantes pelas quais cobra - segundo se imagina - cerca de R$ 200 mil por cada 40 minutos de leitura de laudas escritas por terceiro. Quem sabe para evitar erros de concordância e outros.
O "aperto" anunciado pela presidente(a) Dilma Roussef, e ela sabe disso, serve a muito pouco da nobre causa de manter a economia do Brasil saudável. Teria de ir muito mais adiante para surtir efeito, inclusive com cortes de pessoal contratado apenas para cumprimento de conchavos políticos. Mas as pressões contra isso seriam imensas. Ainda não creio sequer que ela consiga cortar R$ 18 bilhões em emendas parlamentares - esse cancro político - como anunciou. O Poder Legislativo gosta de nadar em dinheiro público para manter seu curral eleitoral de rédea curta.
O deficit público só aumenta e, na última entrevista dada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que para corrigir em 4,5 o cálculo do imposto de renda talvez fosse preciso "reajustar algum tributo". Esse não é apenas um erro que o governo comete. Essa é a solução sempre encontrada para que privilégios se eternizem. Para que a "companheirada" seja acomodada em cargos públicos. Para que se façam "parcerias", que é como eles chamam conchavos políticos ou simplesmente a venda de apoios ao Executivo este conviver com um Legislativo bonzinho, incapaz de dizer "não", mas sim de aprovar sempre por unanimidade.
Mas o poço tem fundo. E talvez caiba à criatura descobrir que o criador a colocou lá!

Nenhum comentário: