2 de março de 2011

O "basta" contra os feudos!


O castelo de cartas que desmorona nos países islâmicos do Norte da África e regiões próximas tem um forte componente político, mas não político-partidário. Não se trata de uma, duas ou mais revoluções ideológicas - daquele gênero capitalismo X comunismo -, como as que ocorriam até meados do século passado, mas de um movimento supra-nacional de cidadãos que querem lutar para ter voz e participar dos destinos de seus países.
Egito, Líbia, Iêmen, Tunísia, Jordânia e outros, não são estados como nós conhecemos. Aqui na América do Sul, por exemplo, até mesmo nas ocasiões de quebra da normalidade democrática, nos anos de chumbo, os que detinham o poder, na sua totalidade militares, trocavam a guarda para dar a impressão de que o poder mudava de dono de "X" em "X" anos. Um ditador brasileiro, Ernesto Geisel, nosso "pastor alemão", disse certa feita na Europa que o Brasil era "uma democracia dentro de sua relatividade". Engraçado? Não, apenas ridículo.
Como ridículo é o líbio Khadafi (na foto acima), com suas vestimentas de escola de samba, seu distanciamento da realidade e sua visão de mundo dissociada de tudo o que possa fazer sentido. É contra esse quadro, esse aleijão, que lutam os povos dos diversos países. Eles querem ser donos de suas nacionalidades. Não querem viver no feudo do senhor "A" ou "B". Os senhores feudais do Norte da África são todos multimilionários e acumularam fortunas roubando, enquanto seus povos passavam dificuldades. As revoltam são contra isso. O que se quer fazer naquela região é transformar feudos em países. Senhores feudais em detentos. Ou em um passado que precisa ser esquecido.
E a lista das anomalias não se estanca nos países onde a população já se revoltou. Em outros, como na Arábia Saudita e Emirados Árabes, por exemplo, o estado pertence a famílias. Castas de magnatas que vivem à custa de seus povos e do petróleo existente naquelas regiões.
Na maioria dos casos, esses países sobreviveram até hoje por força de conveniências políticas. Os mais espertos eram e são fornecedores de petróleo para os Estados Unidos e não hostilizam Israel. Graças a isso os norte-americanos passaram década fazendo vistas grossas a tudo o que de ruim acontecia por lá. Agora não é mais possível. Agora o "basta" é um tsunami popular que ganha força ao chegar às praias. E ainda não chegou a todas elas.

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