12 de abril de 2011

O bullying é o problema


Sempre que um fato traumático atinge o Brasil, opiniões são manipuladas para o lado onde primeiramente se julga estar a solução do problema. Sem estudo mais detalhado, sem nada. Agora é o caso do doente mental de Realengo, autor de um ataque insano contra adolescentes em um colégio municipal que ressuscita a campanha pela proibição da venda de armas de fogo no Brasil.
Pior de tudo: falar do bullying, esse fenômeno agressivo que não nos deixa, ninguém fala. Ou não fala o suficiente.
O Brasil tem uma das mais restritivas leis sobre compra e venda de armas. Poucos são os calibres permitidos, todas as armas têm que ser registradas na Polícia Federal e quem tem folha corrida manchada não consegue autorização de compra. Mais: um plebiscito já realizado há apenas seis anos mostrou que o Brasileiro quer que a compra de armas seja uma opção legal. Ele quer a posse, não o porte, este sim que deve ser mais restrito ainda. Mas existe muita arma ilegal no País. Armas roubadas, com numeração raspada, em mãos de traficantes. Isso é um caso de Polícia. E os organismos policiais têm que atuar com determinação.
É bom sempre lembrar da Lei Seca nos Estados Unidos. Um belo dia, primeiras décadas do século passado, aprovou-se uma lei que proibia a venda de bebidas alcoólicas no país deles. Foi a glória da Máfia. Ela lucrou como nunca vendendo bebidas ilegalmente. Lucrou tanto que a proibição foi suspensa. Vender armamento ilegal no Brasil, além do que já é vendido hoje, vai ser também um negócio e tanto para todo o tipo de criminoso.
O Brasil deveria fazer uma ampla campanha contra o bullying. Campanha educativa, de prevenção. Vinganças surgem quando ressentimentos são represados e ódios se manifestam por humilhações seguidas. Principalmente em mente doente. Pode ser uma vingança tola, tipo briga de rua, mas pode se tornar ato insano de mente esquizofrênica como o registrado no Rio de Janeiro. E estas, todos os estudiosos dizem, são difíceis de serem detectadas e raríssimas. Geralmente as famílias não procuram por ajuda por ignorância ou medo do estigma. Nós todos sabemos como doentes mentais são vistos e tratados por seus próximos.
Encontrar um demônio em cada esquina é pintar o problema com cores falsas. É fazer como a imagem acima. Concentrar fogo no comércio de armas legais, igualmente. Wellington Menezes de Oliveira era infelizmente um doente mental. E se tornou perigoso ao longo de anos. Mais infelizmente ainda, tirou 12 vidas humanas. Apagou uma dúzia de futuros. Mas é sempre bom lembrar: a esmagadora maioria dos doentes mentais não mata, não agride. Eles são, em vez de autores, vítimas de violência a vida toda.
Vamos atacar o problema que existe. Construir falsas premissas não é nada bom. Principalmente pelas mãos e palavras de parlamentares sabidamente demagogos.

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