15 de abril de 2011

A certeza da impunidade


Nada como a certeza da impunidade. A revista Época publicou recentemente matéria sobre as provas acumuladas pela Polícia Federal referentes ao escândalo chamado Mensalão, maior referencial do governo Lula. Há um relatório a esse respeito. A reação do ex-presidente, que dá nome ao escândalo e estava fazendo "palestra" no exterior, foi clara. Direta. Escandalosa:
- Não tive a chance de dar uma olhada.
E continuou, dizendo que se o relatório for anexado aos processos que correm na Justiça , "todos os advogados de defesa vão pedir prazo para julgar. Então, vai ser julgado em 2050. Então, não sei se vai acontecer".
Que maravilha despudorada!
Lula sabe, como sabemos todos nós os mais bem informados, que a legislação brasileira permite aos advogados inúmeros artifícios de recursos protelatórios que podem arrastar um processo por décadas. Às vezes, muito além do prazo de uma vida. Um ou inúmeros processos. Tanto que o próprio governo os usa como, por exemplo, para negar aos aposentados do INSS o recálculo de seus benefícios, mesmo depois de o Supremo Tribunal Federal dar sentença final, irrecorrível, a esse respeito. E são incontáveis os exemplos que poderiam tornar esse artigo um livro.
Mas o ex-presidente sabe também que esses recursos estão à disposição de quem pode pagar por ótimos escritórios de advocacia. É por isso que as nossas cadeias estão abarrotadas de pobres. Uma classe social da qual Lula não faz parte faz muitos anos. Desde que começou sua carreira de demagogo populista na época ainda de líder sindical.
É despudorada mesmo a declaração. Mas verdadeira. Reflete a realidade do país onde vivemos, faz um retrato fiel dele e mostra como é a nossa classe política, a rigor o caminho que haveria para essa realidade ser modificada. Mas não, ela contribui para manter esse quadro.
E é Lula, segundo ele mesmo diz, quem representa o "Povão" no Brasil.

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