7 de abril de 2012

Demóstenes, carta fora do baralho

Não é preciso que ninguém tenha a menor sombra de dúvida: há muitos outros demóstenes no Congresso Nacional. E também outras carradas espalhadas pelos legislativos estaduais e municipais. Esse cancro mole brasileiro que pode ser resumido com o termo "promiscuidade" marca a vida política nacional tanto no relacionamento com membros dos outros dois poderes quanto com contraventores e criminosos.
Nesse caso específico, negociava-se também a saída de Demóstenes do DEM e sua ida para o PMDB, havia negociatas envolvendo figuras do Governo de Goiás, a compra de barcos cassino e até mesmo uma negociação para que, no futuro, Demóstenes fosse indicado como ministro do Supremo Tribunal de Federal (STF). "Cruzes!", diria minha avó. 
O político que cede à tentação de se relacionar com criminosos visando ganhos extras de dinheiro, ou então que tomam parte em negociatas envolvendo dinheiro público, acreditam que jamais serão descobertos. Mas deixam rastros. Na época da ditadura os militantes de esquerda das mais diversas siglas sabiam que não podiam tratar de assuntos políticos pelo telefone. Mas os demóstenes da vida não aprenderam isso ainda. E olhem que no caso dos militantes comunistas que se opunham à Ditadura, os criminosos estavam do outro lado.
O senador goiano gostava de colecionar em seu gabinete charges nas quais suas "qualidades" moralizadoras eram reconhecidas. Ou seja: ele nem achava que o Judiciário e a Polícia Federal poderiam pegá-lo um  dia, como também que os jornalistas confiariam em sua "honestidade" por todos os tempos. Por isso, traficava influência porque é parte da cultura política brasileira cada um dos senhores deputados e senadores achar que tem o direito a uma cota de cargos públicos, bem como de interferir em resultados de licitações.
Esse Demóstenes, que na foto da Agência Estado (AE) aparece se escondendo atrás da porta de seu gabinete como um rato que se vê cercado pelos gatos, foi descoberto. É carta fora do baralho. Resta achar os demais. E, repito, eles são muitos.      

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