18 de junho de 2012

A beleza fora do lugar

Os principais chefes de Estado do mundo preferiram não vir à Rio+20. Em muitos sites, jornais, rádios e TVs, o evento foi literalmente debochado. Diz-se dele que não consegue arregimentar parceiros e apoios porque o momento econômico não permite. Isso como se momentos econômicos fossem imutáveis. Ou então porque politicamente esse não é oportuno. Nos Estados Unidos, por exemplo, o presidente Barak Obama está às voltas com a campanha de reeleição. Faz sentido.
Mas esse é o único mundo que temos. Cientistas das mais diversas áreas, dos mais distantes países, são unânimes em dizer que a conta a ser paga será imensa se o homem não parar agora para pensar um modo de fazer com que nossa casa possa se sustentar, repondo o que tiramos dela e ainda a protegendo da imensa emissão de venenos diários jogados por nós na atmosfera.
Alguns dizem que países como Estados Unidos e China não querem pagar a conta da salvação do planeta sozinhos. Que não é a hora  ou então que essa conta deveria ser paga por todos, como se fosse uma "vaquinha" de restaurante, onde o total é dividido pelo número de convivas quando o garçom nos apresenta a comanda fechada pelo caixa. Quer dizer que a Somália tem ou terá meios de dividir as despesas com os Estados Unidos? E o Lesoto com a China?
Uma brasileira, a médica infectologista Míriam Tendler, trabalha praticamente sem apoio oficial faz mais de três décadas para desenvolver uma vacina contra a esquistossomose porque essa doença atinge principalmente pobres em países idem e isso não dá dinheiro aos miliardários e imensos laboratórios multinacionais donos de nossa saúde. É sempre assim.
No caso presente da Rio+20, tenta-se mostrar ao mundo que os danos ao planeta acarretarão fenômenos que tornarão a vida difícil e, em certos casos, impossível. Os pobres, como sempre, sofrerão os primeiros e maiores danos. Mas países mais ricos não avaliam que, como estamos todos nos mesmo barco, chegará a vez deles. Por mais que a ciência evolua e crie meios e modos de minorar o sofrimento da falta de água, de outros alimentos, efeito estufa, etc.
É bonito poder fotografar uma flor na varanda. Essa que ilustra esse texto embelezou a minha varandinha de apartamento por cerca de sete dias. Mas ela estava deslocada. Seu lugar é no meio do mato, da floresta que a gerou e que precisa dela para se reproduzir.
Não, apesar de críticas que podem ser feitas a organizadores e sua megalomania, se nós não conseguirmos avançar o suficiente nas ações necessárias à preservação da vida com qualidade nessa Rio+20, não será uma única reunião que fracassará. O fracasso será de todos nós. Sim, porque somos nós, em última análise, os fiadores dos mandatários de todos os países. Mesmo das ditaduras. Mesmo quando eles representam os princípios pelos quais os elegemos.
O meio ambiente é a boa luta. Por ela vale a pena lutar!                

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