4 de agosto de 2012

Falta um no julgamento do Mensalão

O STF começa o julgamento do maior dos escândalos com 38 réus em vez de 39   
O julgamento do mensalão, iniciado dia 02 de agosto deste ano em Brasília, está mostrando e vai mostrar o Brasil como ele é realmente. A Ação Penal 470, aos cuidados do Supremo Tribunal Federal (STF), apesar de suas 50 mil páginas, é uma síntese de todas as mazelas acumuladas ao longo dos anos por uma democracia insipiente e que se sustenta, não no mérito, nos princípios ideológicos que deveriam nortear a vida dos partidos políticos, mas no desvario e na corrupção desenfreada.
Temos um Poder Executivo corruptor e um Legislativo sempre às ordens para ser corrompido. Junto a eles, um Judiciário que, em inúmeras ocasiões, já foi pego com a mão na massa, com alguns de seus membros vendendo sentenças e cometendo outros tipos de crimes inconcebíveis para um setor da sociedade que detém o poder de decidir sobre a liberdade e o patrimônio do cidadão comum.
Apesar de em muitos documentos e declarações de acusados e testemunhas o nome do ex-presidente Lula ser citado como alguém que desde o início conhecia o esquema de compra de apoios parlamentares com dinheiro público e privado e o incentivou, ele não faz parte da lista de réus. São 38 os que estão sendo julgados. Deveriam ser 39. Afinal de contas, de um presidente da República espera-se um mínimo de decência. Sabedor de que o Poder Legislativo estava sendo comprado para que as propostas do governo fossem todas aprovadas ele, caso tivesse princípios, impediria isso. Diria que o País tem que ser governado com honestidade e que um partido político nascido na luta contra a ditadura militar, teve, tem e terá o dever de não delinquir em hipótese alguma.
Falta o grande chefe, ou o omisso, nesse julgamento
Ao contrário, em todas as ocasiões em que foi perguntado sobre o assunto, o então presidente disse que o mensalão jamais existiu. Que ele é fruto da perseguição da imprensa a seu governo. Segundo suas palavras, os meios de comunicação jamais se conformaram com o fato de ele ter sido eleito e reeleito. As provas contidas nos autos não apenas desmentem isso, mas também afirmam duas verdades incontestáveis. A primeira, que o mensalão existiu, é fato, e teve o "amém" do presidente. A segunda, que sem as denúncias dos meios de comunicação esse processo jamais teria chegado onde chegou. Todos os envolvidos viveriam pelo resto de seus dias impunes, nadando em dinheiro roubado. É isso que o hoje ex-presidente não aceita. Contra isso ele luta sua luta inglória.
O julgamento do Mensalão, o maior escândalo político de corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e peculato, todos crimes explicitados pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, talvez não leve ninguém à cadeia. Talvez. Mas certamente passará o Brasil a limpo. Mostrará aos brasileiros que esse "complô das elites" contra o "governo popular" do primeiro operário que chegou à presidência só existe na cabeça daqueles que querem apagar a luz do sol. As provas são incontáveis.
E o que se está fazendo é tentar tapar do sol com a peneira.   

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