21 de agosto de 2012

Veja: essa é a face da tortura

Ustra olha pra a câmera. Ele sente remorso pelo que fez?
Um dia desses estava lá a face da tortura: o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi de São Paulo durante o período mais duro da ditadura olhava fixo para a câmara fotográfica que registrava sua presença numa sala de julgamento. Ustra já foi condenado em duas instâncias por cinco membros da família Telles, todos torturados por ele ou a mando dele naquela instalação militar.
Quem acompanha esse caso diz que, apesar das vitórias dos Telles, quando o processo for julgado em Brasília o coronel sera considerado inimputável. Isso porque a Lei da Anistia não permite que ninguém seja condenado por crimes cometidos durante a ditadura. Foi esse o acordo feito com a sociedade civil quando o regime militar brasileiro caiu de podre depois de 21 anos, entre 1964 e 1985. E por isso talvez Ustra nem tenha que pagar os R$ 100 mil a que foi condenado por ter torturado e matado Luiz Eduardo da Rocha Merlino. O processo foi movido pela viúva e pela irmã supliciado.
Pau-de-arara, método cruel de tortura  

Esse coronel sente remorso? Quando ele se olha no espelho, o que enxerga? Um homem ou uma barata? Durante a época da ditadura os militares que comandavam os centros de tortura os chamavam de Departamento de Operações Internas para que a sigla DOI fosse formada. Não era a toa. Era para deixar claro que doía mesmo. Daquela dor que nunca mais deixa o corpo do torturado, porque o humilha. E muita gente foi torturada nua, no pau-de-arara ou tomando choques elétricos na região genital. Por isso sempre me pergunto: o que Ustra vê no espelho de casa?
Sou amigo pessoal de um jornalista que foi preso e torturado durante a ditadura militar. Morava numa pensão e o cardápio do dia era sempre colocado num quadro negro. Quando o levaram queriam saber qual era o código. O que queria dizer arroz, feijão, batata frita, bife e salada. Ele gritava que era comida mas não adiantava. Por fim, esmagaram um seu dedo batendo nele com a coronha do fuzil.
Meu amigo Gildo Loyola passou um longo tempo num hospício. Sim, a tortura enlouquece. Aqui no Brasil há registros disso. E registros que chocam. Pouco faz se Ustra não for condenado. Olhem para a cara desse energúmeno. Todos sabemos que ele é um torturador.  

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