17 de dezembro de 2012

Reaja Brasil!

A linda obra de Oscar Niemeyer merece o que estão fazendo com ela?
A Câmara Federal disse, por intermédio de um de seus membros, que vai estudar se cumpre ou não a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou por corrupção e depois determinou a cassação dos mandatos de três deputados federais. Já o presidente do Senado, José Sarney, vai recorrer contra a decisão do ministro Luiz Fuks, do mesmo STF, tornando sem efeito uma decisão parlamentar que modificava regras da divisão dos royalties do Petróleo, alterando contratos firmados e já em vigor.
Oscar Niemeyer, morto recentemente, amava suas obras. Dentre elas, o belíssimo prédio do Legislativo Nacional, em Brasília, aqui retratado em foto noturna. Durante a ditadura militar ele foi o foco de resistência contra a prostituição da vida nacional provocada pelo estupro de nossa Constituição. Passados não tantos anos, será possível imaginar que aquele foco de resistência, de defesa dos valores democráticos e republicanos, tenha trocado de lado? Prostituição bem paga é coisa tentadora!
Construímos nosso país como Estado de Direito a duras penas. E a luta custou a vida de muitos brasileiros dignos. Alguns eram membros do Poder Legislativo, como o deputado Rubens Paiva. Desde a Constituição de 1988, quando o saudoso Ulisses Guimarães disse que "a sociedade é Rubens Paiva, não os canalhas que o mataram", imaginava-se que esse espírito estivesse impregnado no Legislativo.
Está bem: muitos dos que estão lá estavam com a ditadura, que então apelidavam de "revolução", entre 1964 e 1985. A esmagadora maioria hoje troca votações por vantagens. "Base aliada" por cargos de primeiro, segundo ou terceiro escalões. Ou outros danos mais. Mas a maioria dos brasileiros seria capaz de jurar que o Legislativo não chegaria ao ponto de tentar prostituir as bases do Estado de Direito. Mas está tentando porque, se queremos um Judiciário de fachada, queremos o reino da ilegalidade.
No passado, entre 1964 e 1985, os brasileiros lutaram pela restauração das bases constitucionais de seu País. Depois disso, foram às ruas derrubar constitucionalmente um presidente acusado de corrupção. Agora talvez seja a hora de a luta retornar. Entre vivermos num Brasil que não seja o império da lei e, em vez disso, encharcarmos os pés de barro desse poder que se esconde por trás de uma fachada falsa, mil vezes a segunda opção. Ao menos ela carrega consigo a dignidade que a primeira rejeita. Reaja Brasil!                

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