1 de janeiro de 2015

A refém empossada

A não ser para os milhares de militantes que compareceram com suas bandeiras e slogans de sempre, a  posse da presidente Dilma Rousseff, hoje, é mais um momento de medo que de alívio. Apesar de seus discursos, tanto no Congresso quanto no Planalto, a faixa presidencial foi colocada no peito de uma chefe de Executivo sem capital político, cercada de escândalos por todos os lados. E refém política. Se não bastassem as denúncias e processos já públicos, há também a perspectiva pelos que vão surgir em breve.
Como se justifica que um País tenha 39 ministérios? Somente se admitirmos, pois não há outra coisa a fazer, que esse amontoado de feudos políticos servem muito mais como moeda de troca do que como estrutura de governabilidade para o Estado. Encarecendo-o enormemente. E por que isso acontece?
O PT jamais soube dividir poder. Democracia Representativa é algo extra terrestre para ele. Política começa e se encerra, no PT, sem admitir coalizões. E como para se eleger o partido precisou fazer composições com legendas que nada tinham de identidade programática consigo, foi preciso criar espaços para que os "aliados" tivessem representatividade. Ainda que para roubar dinheiro público.
Foi dessa forma que os ministérios chegaram a 39 e permitiu-se o mensalão, o petrolão e tudo o mais. Se o exercício do poder não pode ser feito por acordos, por identidade programática ou por compromissos políticos, que se faça por suborno. Por compra de apoio ou pela abertura de canais que permitam a pessoas sem princípios avançar sobre o dinheiro público ocupando cargos. Os "clubes" de empreiteiras já existiam antes do PT. Mas foi com ele que chegaram à "envergadura" atual.
Dilma Rousseff não vai poder vencer essa estrutura. Mesmo que queira, no que não acredito. A estrutura, e ela sabe disso, é mais forte do que seu coração valente de marketing político. Se ela tentar atropelar os esquemas que a colocaram no poder, eles a atropelam. Abrem caminho para processos de impeachment que podem surgir mesmo sem que essa situação se materialize, dependendo de denúncias a surgirem.
Havia pouca gente para prestigiar a posse da presidente. Em termos de Brasil foi uma audiência pequena. Grande mesmo era a quantidade de aproveitadores em torno do beija mãos e do rega bofes. Mas não serão eles que evitarão uma derrocada. Tradicionalmente, são os primeiros a correr.    

Nenhum comentário: