16 de fevereiro de 2016

O governo da mosquita

O governo brasileiro havia prometido para 12 desse mês o anúncio do ajuste fiscal necessário ao equilíbrio das contas públicas. Mas transferiu para março. Por que o governo fez isso? Simples: nós não possuímos mais a estrutura de poder necessária a todo Estado e que leva esse nome. Temos apenas um arremedo de governo e que todos os dias sente muito, muito medo.
Ajuste fiscal ou ajuste das contas públicas, como a gente preferir, significa cortar gastos. Muitos gastos no mastodôntico Estado brasileiro. Mas como fazer isso? Se a presidente mandar demitir os mais de 100 mil burocratas contratados pelo governo a partir de 2003 para dar emprego a petistas e seus apaniguados, ganha o ódio do partido que teoricamente a apoia. Se demitir ao mesmo tempo os indicados por todos os políticos que gravitam em torno dela à cata de favores em troca de apoiar isso ou aquilo, perde o que ainda lhe resta de apoio no Parlamento. Ora, ela está sofrendo um processo de impeachment e o preço de cada voto é alto. Não podemos nos esquecer que salvo exceções o Legislativo do Brasil é um poder à venda. E seu preço se inflaciona com as crises.
Dilma pode até mesmo acreditar na existência de mosquitas e não de mosquitos fêmeas, mas sabe que o Brasil mergulha politicamente num poço muito mais profundo do que o cavado pelos insetos transmissores de doenças e que habitam entre nós faz anos, graças à incompetência e irresponsabilidade dos governantes. Incluindo ela e seu antecessor.
Dilma hoje se pendura em Lula da mesma forma que ele nela. Dois pacientes terminais de um governo em coma profundo, eles precisam preservar os amigos que ainda não foram presos. Não para conseguir novos sítios ou apartamentos triplex, mas sim para sobreviver. Hoje, acreditar que o dia de amanhã pode não ser pior do que o de hoje já é um consolo. Dos grandes. Mas eles acreditam sem segurança alguma pois seus pés afundam a cada momento mais nas areias movediças de Brasília.
Por isso a insistência com a CPMF. Sem transferir a responsabilidade pelo ajuste fiscal para o povo já cansado de tantos impostos e desse governo corrupto, como obter um saldo de 0,5% do PIB para fingir que o Estado está sendo reformado e se tornando eficiente?
O Estado, se compreendido como representado por esse governo, repito, está quase morto. Resta pouco para fechar os olhos, o coração deixar de bater e ser declarada a sua morte encefálica. Ora, um governo que não mata nem mosquitos, que vive manietado, serve para que finalidade? Talvez apenas para que saibamos haver uma mosquita dando expediente (ainda) no Palácio do Planalto.  
   

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