14 de junho de 2016

Nosso herói desconhecido

Monumento a Domingos José Martins
No dia 12 de junho de 2017 vão se completar 200 anos da morte de Domingos José Martins. Fora de círculos acadêmicos e dos das pessoas que se interessam por história, poucos sabem quem foi esse capixaba que lutou na Revolução Pernambucana, também chamada de Revolução dos Padres, um movimento emancipacionista que eclodiu em seis de março de 1817 na que era então a Capitania de Pernambuco e foi sufocado violentamente pela Coroa portuguesa.
As razões para a Revolução são várias. Vão desde as ideias iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas das quais Domingos fazia parte, passando pela crise econômica regional, o absolutismo monárquico português e os enormes gastos necessários para custear a Família Real e seu séquito, que haviam chegado ao Brasil por aqueles tempos. As capitanias tinham que enviar ao Rio de Janeiro enormes somas para o custeio dos portugueses, o que envolvia até as faraônicas festas que davam.
Domingos nasceu no Sítio Caxangá, no hoje município de Marataízes, filho de militar. Foi para Portugal, depois para a Inglaterra. Tornou-se comerciante também e amigo de um certo general Miranda, que havia lutado na guerra pela independência dos Estados Unidos e numa tentativa de emancipação da Colômbia. Esses, dentre alguns outros, foram os caldos de cultura da formação do revolucionário capixaba. Ele queria, como muitos, o Brasil emancipado de Portugal.
Mas o movimento acabou derrotado. Domingos Martins foi preso, enviado à Bahia e arcabuzado (fuzilado por arcabuzes) no dia 12 de junho de 1817 no Campo da Pólvora, hoje conhecido como Campo dos Mártires. Virou, com o tempo, patrono da Polícia Militar do Espírito Santo, do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), da cadeira 14 da Academia Espírito-santense de Letras (AEL), nome de escola e de um município de região de montanha capixaba.
Mas é desconhecido pela esmagadora maioria dos espírito-santenses.
O Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo tem obra sobre a vida dele. Em Pernambuco os relatos da Revolução de 1817 o situam no contexto da revolta. E como falta pouco tempo para se completarem dois séculos de sua execução, está na hora de o Espírito Santo resgatar oficialmente essa história. Nos colégios, nos círculos acadêmicos, nas discussões acerca de nosso passado, de nossa herança cultural, em todos os lugares onde as maiores figuras tenham um "altar" assegurado.
Os que usam o termo "herói" com as conotações atuais hão de perdoar Domingos José Martins. Ele não marcou um gol decisivo, não bateu recorde esportivo algum, não ganhou disputa de música e nem praticou outros atos menores. É um herói de nossa história por motivos maiores. Por ter lutado por um Brasil livre das amarras e dos grilhões que o mantinham colônia.  


Um comentário:

Anônimo disse...

Reconhecimento aos que morreram pela liberdade deste país. Viva Domingos José Martins.