12 de junho de 2016

O nosso vazio de líderes

O respeito de antes se  materializa na foto acima. Onde ele está hoje em dia?
O escritor escocês Irvine Welsh, que hoje mora nos Estados Unidos onde se prepara para lançar o livro "A vida sexual das gêmeas siamesas", sobre a vida na América e mais precisamente em Miami, deu entrevista a Época na qual, provocado pelo repórter, acabou tendo que falar sobre as eleições de novembro naquele país. Posso destacar do dito o seguinte:
"Trump e Hillary são duas das pessoas mais odiadas dos Estados Unidos. Se os dois candidatos são há algo errado com o sistema político. (...) representam a tão desprezados pelo povo, é porque avareza, a ganância, a arrogância, a pura ambição e o egoísmo. E aí você pensa: 'Meu Deus! A sociedade está tão ruim e débil que só conseguiu produzir candidatos assim?'".
Michel Temer é desprezados por grande parte do eleitorado brasileiro. Dilma Rousseff, por parcela incomparavelmente maior dele. Lula, que ainda detém parte de seu capital político apesar de todo o envolvimento nos escândalos das últimas duas décadas, tem rejeição recorde entre o eleitorado e corre o risco de vir a ser preso. Aécio Neves não consegue o respeito desse mesmo eleitorado.
O que está havendo conosco é parecido com o que ocorre nos Estados Unidos.
Selecionei para essa crônica a foto que a ilustra. Paulo Brossard (à esquerda) fala com Tancredo Neves (ao centro) e com Ulísses Guimarães (à direita). Eram líderes na mais pura acepção da palavra. Não aglutinavam todo o eleitorado, claro, tinham oposição de setores que ficavam bem à esquerda ou à direita do espectro político, mas em torno deles havia respeito. Quem, hoje, dentre os políticos mais em evidência, tem pelo menos uma pequena parcela da representatividade daquele trio? Ninguém. Nem mesmo Aécio conseguiu, ao longo da carreira, transferir para si parte do prestígio do tio.
Nós vivemos a mesma encruzilhada dos Estados Unidos? Não.
O que nos diferencia é que lá o melhor da política, com todos os seus percalços e representado pelo presidente Barak Obama, tenta evitar que um despreparado fanático chegue à Casa Branca e à proximidade dos botões que disparam mísseis nucleares. Aqui, um sindicato de ladrões apeado do governo tenta de todas as formas voltar a ele para garantir, ao menos em parte, a estrutura montada ao longo de 13 anos para a perpetuação de um projeto, não de Estado, mas de poder.
Nos Estados Unidos há um dilema. Aqui, uma tragédia.
Mergulhados na maior crise econômica da nossa história, não temos mais líderes robustos, de respeito. Temos a crise, o Centrão, um vazio que a mim principalmente assusta. Os líderes que se foram não conseguiram formar quem os sucedesse. Resta a nós, nesse momento, escolher o caminho menos pior. Aquele que mostra uma réstia de luz ao fim do túnel. E esse caminho se materializa no não retorno da presidente Dilma Rousseff ao poder. Ao menos para evitar o caos.  

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