22 de julho de 2019

O Batman bem pertinho..

"Notícia é fato de interesse público".
Essa definição é minha e a formulei durante os anos em que exerci funções jornalísticas em imprensa diária. Um estudante de Comunicação procurou-me certo dia na redação do jornal A Gazeta com uma incumbência de um seu professor. Eu teria de falar sobre o que é notícia. Botei a mão no queixo, pensei e defini em seis palavras. O rapaz me perguntou: "Só isso?". Eu disse: "Não, tudo isso." Em seguida perguntei a ele o que iria almoçar, houve resposta a complementei: "Isso não é notícia!"
Por esse motivo e mais uma carrada de outros, assusta-me o comportamento do cidadão que ocupa a presidência da República. Quando ele diz, questionando o presidente do INPE, que a divulgação de informes colhidos por imagens de satélite mostrando a devastação da Amazônica, que essa divulgação prejudica o País, está defendendo a ocultação dos resultados. Ou seja: fala que o brasileiro não tem o direito de ter acesso a informações de interesse público. A notícias.
O noticiário dos jornais de hoje fala também que Bolsonaro governa defendendo os interesses dos grupos que apoiaram quase incondicionalmente sua eleição. Os evangélicos estão entre eles, também a bancada da bala, policiais, militares, caminhoneiros e ruralistas. Esses últimos são os que devastam o ambiente. Portanto, a eles interessa a posição canhestra do presidente.
A notícia não é de ninguém em particular. É de todos. E quem vive no Brasil, trabalha, paga impostos escorchantes, enfrenta dificuldades em decorrência da crise sem fim pela qual passamos, tem o direito de acessar todas as informações de interesse público. O presidente pode até dar sua interpretação para essa ou aquela. Mas não tem o direito constitucional de censurar, de vetar o acesso a elas. E nem pode passar a vida fazendo acusações irresponsáveis àqueles com os quais não concorda como, por exemplo, o atual presidente do INPE.
Que provas tem Bolsonaro de que ele age a serviço de ONGs? E se tem tanto ódio de organizações não governamentais, por que não as ataca diretamente, sobretudo na Amazônia? Será que é porque uma parte delas é norte-americana? Um presidente tão "valente" não pode se recusar a ir à luta.
Figura tosca, sem um único mérito pessoal digno de nota, o atual governante "trabalha" olhando em frente, focando unicamente suas convicções pessoais, de seus familiares e dos grupelhos pouco qualificados que o apoiam. Não olha para trás, não consulta quem está fora de seu entorno.
Se fizesse isso poderia ver um Batman fantasmagórico bem pertinho, nas saídas às ruas.               

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