6 de agosto de 2019

Democracia de bancadas

Congresso cheio para a defesa de interesse de bancada. Qual? Não importa
Um dos aspectos mais característicos e determinantes das democracias ditas representativas são os partidos políticos. Em grande parte dos países essas organizações carregam consigo suas ideologias e são apegadas a elas. Fazem política a partir de seus pressupostos básicos. Em outros são visões diferentes de uma única ideologia. Nesse caso o maior exemplo fica nos Estados Unidos onde os partidos Republicado e Democrata representam aspectos diferentes do capitalismo. O Brasil talvez seja uma das raras democracias do mundo onde partidos políticos são espécimes em extinção.
Nossos aleijões começam pela inexpressividade das organizações partidárias. Quase totalmente despidas de ideologias ou de projetos políticos claros, acabam sucumbindo a uma figura estranha na vida dos outros países: as bancadas. Aqui temos principalmente a evangélica, a ruralista e a da bala. Distribuídos por diversas organizações partidárias ao sabor de conveniências regionais ou corporativas, seus membros se unem para a defesa dos interesses primeiros: imposição de dogmas religiosos, projetos de grandes latifundiários ou de fabricantes e defensores de armas. E os partidos? Muitos de seus membros sequer sabem qualquer coisa acerca deles. Ou para que servem.
A situação chegou a tal ponto que o nome "Partido" está desaparecendo em muitos casos. Hoje temos organizações com nomes como Democratas, Verde, Avante, Democracia Cristã, Solidariedade, PROS, Patriota, Rede e até mesmo Cidadania, apelido agora adotado pelo PPS, nascido PCB.
É uma situação esdrúxula, no todo ou em parte...
Recentemente surgiu aqui em Vitória, no Espírito Santo, a informação de que policiais militares estariam se unindo para concorrer às próximas eleições municipais. Como conheço um coronel aposentado, perguntei a ele como isso vai ser feito e a que partido os militares se filiariam. Eles querem lutar sobretudo por salários melhores - aqui são pagos alguns dos mais baixos do Brasil -, concorrendo para os cargos de prefeito e vereador, se possível em todos os municípios. Partido? Isso cada um vai escolher o seu. Em suma, vem mais uma bancada por aí!
Dos muitos de nossos problemas o maior hoje talvez seja esse: na política, salvo raras e honrosas exceções, entram aqueles que vão defender suas bandeiras pessoais e/ou corporativas. E os maiores, mais importantes e urgentes interesses para o País? Isso não está no horizonte dessas pessoas. Seria uma função exclusiva de organizações político partidárias robustas, conhecidas e respeitadas, caso elas ainda existissem no Brasil. Mas, pobres de nós, elas são espécimes em extinção como há outras nas florestas.       


















 

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