13 de agosto de 2019

E ele respeita alguém?

Bolsonaro não tem por hábito respeitar os outros. Mas exige que o respeitem
Uma pessoa das minhas relações e bem de direita mesmo, reagiu chamando de "desrespeitosa" a manchete de um jornal da Áustria que mostra foto do presidente Jair Bolsonaro tirada domingo último num evento evangélico de Brasília vestindo camiseta de propaganda de correntes religiosas. O título diz: "O Brasil elegeu um idiota". Também o ministro do meio ambiente Ricardo Salles, num programa da Globo News de nome Painel, acusou o e-diretor do INPE, Ricardo Galvão, de também ter sido desrespeitoso com o presidente. Bolsonaro não gostou de números de desmatamento divulgados e disse que o INPE "deve estar comprometido com alguma ONG". Como organizações não governamentais são para o presidente instituições desonestas, foi disso o que ele chamou Galvão, sem qualquer prova, antes de o cientista especialista em clima responder de maneira dura.
Pergunto: Bolsonaro respeita alguém?
Nos últimos tempos as declarações do presidente têm horrorizado todas as pessoas mais esclarecidas. E isso por uma razão muito simples: a presidência da República tem uma liturgia que os ocupantes do cargo não podem desconhecer. É preciso que os presidentes respeitem a dignidade da chefia de Estado, sem o que eles se diminuem e tornam o conceito do País água de sarjeta.
Já ouvimos de Bolsonaro que para defender o clima o cidadão deve "fazer cocô" dia sim, dia não. Em viagens ao exterior ele teve a coragem estúpida de elogiar ditadores sanguinários de Argentina, Chile e Paraguai na terra destes, para horror de cidadãos locais. Agora mesmo disse no Rio Grande do Sul que se a "esquerdalha" vencer na Argentina haverá um êxodo. Cito apenas alguns episódios constrangedores porque o texto não deve ser longo. Vou deixar o "embaixador" para outra hora.
Tudo o que um presidente diz tem repercussão ampla e imediata. Seja ele de que país for. Além disso, um chefe de Estado é cobrado todos os dias, todas as horas e mesmo que considere as perguntas pouco importantes ou pouco inteligentes, tem a obrigação de tratar os jornalistas com respeito. Afinal de contas eles representam a interface do poder com o povo.
Bolsonaro foi durante 28 anos um dos deputados federais mais apagados do Congresso. Não é absurdo dizer que ele nada fez de útil. Além disso empregou mais de 200 parentes em gabinetes. Seus filhos políticos também fizeram isso e nas listas de contratações com dinheiro público figuram até mesmo milicianos que atualmente infernizam a vida dos moradores do Rio de Janeiro.
Ninguém é desrespeitoso com o presidente. Pessoa alguma é obrigada a respeitar quem não merece respeito por seus atos grosseiros, por suas atitudes sem propósito. E esse é o caso.         

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