7 de março de 2020

Um Brasil que mete medo

O Brasil de hoje chega a meter medo no cidadão comum. Naquele que gostaria de viver a vida sob o império da lei, sendo governado por pessoas que se submetem ao conjunto de ditames legais do País em vez de imaginar que podem agir ao arrepio das normas vigentes. E o que mais assusta é o fato de que as Forças Armadas brasileiras estão sendo hoje politizadas e manipuladas segundo preceitos de extrema direita política, com todos os danos que isso pode acarretar.
Vamos tornar claros dois pontos essenciais para entendermos o mundo em que vivemos. Aqui e em qualquer outro país as Forças Armadas são instituições de Estado e não de governo. O que significa dizer que elas existem para identificar a defender as bandeiras que as representam e não os governos eventualmente no exercício do poder. É imensa e diferença entre um órgão de Estado e outro de governo. O primeiro é perene. O segundo passa sempre que mandatos se findam.
Além do mais, ao longo dos tempos as revoluções só mudaram a história quando foram feitas pelos povos e a reboque da vontade popular. Aquarteladas militares sempre serviram apenas e tão somente para a perpetuação de privilégios ou do deslocamentos desses de uns para outros grupos hegemônicos. A Revolução Francesa é até hoje o exemplo mais clássico de movimento de massas. Revolução marcadamente burguesa, ela enterrou um império moralmente deteriorado e gerou em seu lugar uma república que se sustenta até agora, vencendo crises e obstáculos vários.
O Brasil de hoje, governado por um despreparado, seus filhos e gurus, é um país eticamente alquebrado. Nasceu da reação popular contra um partido político - o PT - desgastado por crises e acusações de corrupção, e para retirá-lo legalmente do poder 57 milhões de brasileiros optaram pela extrema direita intelectualmente indigente. Sou capaz de apostar que pelo menos 50 por cento dessas pessoas não sabiam o que estavam fazendo. É comum ouvir hoje de ex-eleitores do atual presidente que anulariam seu voto ou votariam no candidato do PT em 2018 se soubessem o que teriam pela frente. Mas o fato é que votaram mal e elegeram um péssimo governo legítimo.
Esse (des)governo não respeita nem o cidadão nem as instituições do País. O presidente, com claras e inequívocas tendências autoritárias ou ditatoriais, chega ao cúmulo de levar um palhaço para encontro com jornalistas na entrada do Palácio da Alvorada e pedir à população, por meio de redes sociais, para comparecer a um ato no qual será questionada a legitimidade de dois poderes da República. Um deles, o Legislativo, eleito pelo mesmo sistema eleitoral que consagrou o presidente do País e seu entorno de figuras decrépitas. O sistema que ele exige ser respeitado.
É um momento triste. Mas os brasileiros haverão de vencer seus desafios atuais para trilhar o melhor dos caminhos: aquele que segue ao lado da legalidade e da Constituição.     

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