24 de abril de 2020

Bolsonaro falou a seu gado

Esperei, nessa triste última sexta-feira de abril, que o presidente Jair Bolsonaro falasse em rede nacional, respondendo ao ex-ministro Sérgio Moro. E ele não me decepcionou: dirigiu-se, como tem feito ultimamente, apenas e tão somente à sua bolha ou, como prefere o filho 02, ao gado que o segue. Ao final ficou em mim a certeza que já tinha: o Diretor Geral da Polícia Federal foi exonerado do cargo por três únicos motivos: Flávio, Carlos e Eduardo.
O Brasil se tornou um país triste. Sim, porque é duro ver todos os dias ministros demitidos, agressões a jornalistas, falta de educação generalizada, rompantes de valentia, tudo isso e mais um pouco enquanto a economia desaba e o risco Brasil bate na estratosfera, num buraco nunca antes visto. E o Presidente falou ontem ao final da tarde secundado por praticamente todo o seu ministério. De pronto só notei a ausência do ministro da Educação. Justamente o que não faz a menor diferença.
Estou anos luz de distância de ser um admirador do ex-ministro Sérgio Moro, e por uma carrada de motivos. Mas entre ele e esse Bozo que o Brasil elegeu para ocupar o Palácio do Planalto, sou bem mais ele. Passou muito mais sinceridade, segurança, clareza e firmeza. E não precisou levar consigo uma imensa trupe de puxa sacos de ocasião.
Mais o mais insólito foi ouvir o presidente dizer que ser chamado de mentiroso o ofende profundamente. Caramba, isso é tudo o que ele sempre foi. Ele e seus três filhos mais velhos montaram no Palácio do Planalto, na sede do Governo Federal, utilizando-se da estrutura deste, o "Gabinete do Ódio". Um cantinho de prostituição da verdade onde se deturpa fatos, se monta esquemas de agressão, se constrói dossiês falsos, se tenta destruir deputações.
E escrevam o que estou dizendo aqui: a conta de Sérgio Moro vai chegar. A essa altura o centro de desconstrução de vidas deve estar trabalhando a todo pavor para cobrar dele a falta de apoio incondicional e irrestrito ao chefe. Ele vai pagar. A partir de amanhã todos os sites de mentiras presidenciais - mais de 40 - vão lançar seu ódio sobre ele. Foi o único a não sair calado. Foi o único a não ter medo da "familícia". Foi o único a enfrentar o esquema. A dar uma versão diferente em uma reunião sem testemunhas, o que é muito conveniente. Isso é imperdoável.
Bolsonaro quer, sim, tirar poder da Polícia Federal. Quer, sim, investigar quem investiga sobretudo seus filhos. E isso para tentar blindar a todos, obstaculando qualquer investigação que tente chegar ao coração do clã, onde ele está.
Só não posso dizer que hoje decepcionou o gado. A boiada está feliz!                     

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