5 de setembro de 2021

Dâmocles e o 7 de setembro


Talvez o presidente brasileiro nem saiba ao certo porque e o que é isso, mas toda vez que vejo seus rompantes de falsa valentia, na verdade com o medo estampado na testa (será só medo na testa?), volto-me ao conto da espada de Dâmocles representando a insegurança daqueles que detêm um poder muito grande e sentem temor imenso de que este lhes seja tomado.

É uma fábula bastante conhecida do cortesão bajulador Dâmocles que vivia na corte do tirano Dionísio de Siracusa e homenageava o chefe sempre que podia dizendo que ele era afortunado por ter grande poder. Dionísio então ofereceu-se para trocar de lugar com ele e dar-lhe todas as mordomias da coroa. Em troca, uma espada sustentada apenas por um pelo de rabo de cavalo ficaria suspensa sobre sua cabeça. O cortesão perdeu o interesse na mesma hora. O sentimento de danação iminente o levou a se afastar do cargo, da corte e de todo o luxo e conforto que a situação oferecia.

O presidente brasileiro é nosso cortesão tupiniquim que, ao contrário do outro, jamais poderia deixar de aceitar a presidência e todo o luxo e conforto que esta oferece a si e a toda sua "familícia". Mas a espada sobre a cabeça, o risco real ou imaginário de perder tudo de uma hora para a outra o apavoram. E como ele não tem sabedoria alguma, usa o que sempre esteve à disposição de suas crenças extremistas de direita: a violência, também tanto real quanto imaginária, e as ameaças.

Cercado de inimigos fantasmas criados por seus atos na maioria dos casos insanos, reage a eles com o que tem à mão: o Golpe de Estado! Ou será apenas imagina ter? Na realidade seu poder se dissolve a cada dia que passa, menos para os bandos de "bolsomínions" que o cercam nas saídas e entradas no Palácio da Alvorada e nas motociatas e cavalgadas nas quais, como um Mussolini revivido, desfila seu pavor patológico pelas cidades brasileiras sempre que pode. À custa de nosso dinheiro!

E agora vem aí o 7 de setembro! Ele imagina fazer da data uma "segunda independência", como prega sua turma. Mas está apavorado! Não sabe o que vai acontecer, se terá mais uma vitória de Pirro pelas ruas de Brasília e São Paulo ou se os atos sairão de controle para se tornarem demonstrações de confronto ou violência. Ele tem medo, muito medo, e se esconde por detrás dele escudado na bolha.

Mas bolhas se rompem. Como rompe também o pelo do rabo de cavalo que sustenta a espada apontada para sua cabeça descabelada. Bolsonaro sabe que hoje a distância entre a glória e a miséria é mínima. A roda da fortuna já parou de girar para ele... Mas o Napoleão de hospício vive em outro mundo.            

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