2 de dezembro de 2021

O Estado Laico corre risco?


Muito mais do que os discursos extremistas de direita, muito mais do que a homofobia, muito mais do que o ódio e a perseguição aos adversários, temo no governo do atual presidente do Brasil a tentativa de destruição do Estado Laico, uma de nossas maiores virtudes enquanto nação. E causa preocupação ainda maior a suspeita justificável de que o sorriso da foto desse artigo, mostrado ontem durante a sabatina de araque no Senado Federal, seja  mera encenação. Seja cinismo.

Durante a tal sabatina vimos no Senado um André Mendonça distante do pregador evangélico de sempre. Quase um conciliador. Mas depois, no discurso do recém entronizado já surgia no horizonte o sujeito terrivelmente religioso: "É um passo para um homem, um salto para os evangélicos!"

Vou me explicar. O melhor do Estado Laico reside no fato de que todos podem exercer seu credo religioso sem sofrer nenhum tipo de perseguição. Ou não exercer credo algum, como é o meu caso. Só não se pode pregar a dissolução ou a divisão do Estado. Mas sabemos todos, e ninguém é inocente para desconhecer esse fato, que algumas "confissões" ditas evangélicas ambicionam o poder. E o querem para moldar o país às suas crenças, aos seus dogmas e, sobretudo e principalmente, a seu projeto de grupo. Basta ver como são bilionários os donos delas e como as fortunas deles crescem ilegalmente diante de todo mundo e sem que o governo faça nada para coibir tais crimes. Muito pelo contrario...

O que se espera de um ministro do Supremo Tribunal Federal é que ele seja um especialista em direito constitucional e que esteja apto a defender a Constituição em todas as circunstâncias e momentos. Não importa o que para ele é pecado. Isso não vem ao caso. Dane-se! Pede-se apenas que lide com o que é legal.

Vamos descobrir em breve, muito breve, se está hoje no STF um ministro ou um pastor evangélico, terrivelmente evangélico e, pior, a serviço de um governo que odeia quem é adversário, persegue e tenta impor ao Brasil uma camisa de força que o aprisione dentro de suas convicções negacionistas. O Senado resolveu correr o risco, inclusive com o apoio descarado de alguns parlamentares de "esquerda".

Vamos ver a conta a pagar.

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