16 de janeiro de 2022

Jogada de alto risco


Hoje discordei de afirmação da coluna de um meu querido amigo, quando ele disse que Jair Bolsonaro - louquinho para visitar Vladimir Putin em Moscou - apoia politicamente o governo da Ucrânia. Digo e repito porque tenho convicção: o presidente do Brasil apoia quem ou o que é de sua conveniência. Torna-se inimigo de quem ou do que é de sua inconveniência. E como muda todos os dias dependendo da evolução dos acontecimentos ou da avaliação sempre tosca que faz deles, isso também nunca pode ser escrito. Aliás, nada do que esse governante submisso ao Centrão diz pode ser escrito.

Em junho de 2019 o presidente brasileiro teve um encontro pessoal com Putin (foto). Isolado pela totalidade dos líderes sérios do mundo, é capaz de fazer qualquer coisa para "provar" não ser um pária. Encontrar o presidente russo em Moscou faz parte de suas apostas, mas, nesse caso, trata-se de uma jogada do mais alto risco por causa da situação explosiva em que se encontram as relações políticas internacionais atuais, sobretudo envolvendo Estados Unidos e Rússia. Então, para que ir ao país do czar num momento como esse? Para que tocar num barril de pólvora? Eu sei: para falar ao gado!

Desabando nas pesquisas de opinião pública, a cada dia mais isolado, Bolsonaro se apoia nos seus apoiadores fieis. De raiz. São eles e apenas eles que podem garantir suas hoje parcas expectativas de chegar ao segundo turno nas eleições presidenciais de outubro. Por eles é capaz de fazer qualquer coisa como, por exemplo, tentar aprovar no Congresso aumento salarial apenas para a PF e a PRF. Essas são as impressões digitais de um governo miliciano. E que também compra o apoio quase incondicional de grande parte das polícias militares com o compromisso não escrito mas claro de elas o defenderem "fora das quatro linhas da Constituição" caso sejam por ele convocadas.

A tudo isso se soma sua atuação fora da lei nas redes sociais. E verdadeiros absurdos como não fazer o menor esforço - muito pelo contrário - para que procurados pela Justiça do Brasil homiziados nos Estados Unidos e no México sejam presos pela Interpol para responder por seus atos. Bolsonaro joga no caos, pelo caos e para o caos. Só assim vai poder posar de vítima caso seja mesmo derrotado nas eleições de outubro próximo, resultado que não deve aceitar em hipótese alguma.

Bom, existe a possibilidade de daqui até a viagem a Moscou as relações internacionais se deteriorarem  mais, os russos invadirem a Ucrânia e a situação criada tornar impossível um deslocamento como esse. A agora, Jair? Problema nenhum; basta dizer que tudo isso é invenção da imprensa fabricante de fake news e que quer vê-lo fora do poder que ocupa desde 2018 por vontade divina.        

    

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