28 de janeiro de 2022

A tática do confronto


Uma pergunta toma conta hoje de todos os noticiários jornalísticos políticos brasileiros, sobretudo nas TVs fechadas: qual foi a tática de Jair Bolsonaro ao não comparecer para depor na PF, em Brasília, mesmo depois da intimação por parte do ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal? Resposta simples: é a tática do confronto e da tentativa de destruição das principais instituições civis brasileiras, de fora para dentro ou de dentro para fora. Não há outro motivo.

Só os tolos e os que agem de má fé acreditam nos discursos de defesa da democracia, das liberdades individuais e da preservação do Estado Democrático e de Direito que o presidente apregoa nos seus pronunciamentos geralmente cheios de falácias de factoides. O Bolsonaro real é um amante da ditadura militar 1964/85, gostaria de intervir no Supremo e no Congresso, é a favor da tortura e nunca, jamais em tempo algum teve por objetivo ser o presidente de todos os brasileiros. Governa apenas para seus correligionários. Por isso só fala no cercadinho do Palácio da Alvorada e dá entrevistas combinadas para poucos meios de comunicação. O principal deles é a TV Jovem Pan, apoiadora de seu governo.

Desrespeitar o Supremo é perigoso? É, mas Bolsonaro faz isso como um risco calculado. Ele já armou parte da população que o apoia, cooptou parcela das instituições policiais municipais, estaduais e federais e conta com a apoio incondicional dos "bolsonaristas de raiz", os apoiadores incondicionais, cegos e que foram apelidados de "gado" por seu próprio filho Eduardo. Com isso, pode protagonizar uma crise institucional de grandes proporções se julgar necessário. Uma convulsão social não seria má ideia, sobretudo diante de um quadro de derrota eleitoral iminente como parece muito provável.

Ele sabe que uma derrocada em outubro vai colocar a ele e a todo seu clã ao alcance da Justiça. Quer evitar porque isso é uma questão de sobrevivência política e física. Vale tudo para fugir a esse risco. Desrespeitar o Supremo não comparecendo à sede da Polícia Federal em Brasília, a esse prédio solene da foto, faz parte do projeto. Seus apoiadores incondicionais vibram só de acompanhar o noticiário. E a democracia que é desrespeitada de forma pungente com esses atos? Dane-se ela. Como já foi dito, o miliciano das "rachadinhas" e das fake news só é democrata da boca para fora.     

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