9 de fevereiro de 2022

Projeto Terra Arrasada


Praticamente todos os economistas ouvidos sobre o assunto - inclusive o ministro da Fazenda do atual governo - dizem com todas as letras que a "PEC Kamikase", assim denominada depois de chegar ao Senado, pode levar o Brasil a quebrar. Pode gerar um déficit superior a R$ 100 bilhões, o que hoje provocaria inflação, subida desenfreada da taxa básica de juros e mais uma série de outros problemas. Mas dane-se. O presidente da República apega-se a essa coisa como uma boia de salvação. Ele está com a reeleição perdida e acha que enganando os mais pobres, policiais e caminhoneiros pode se salvar.

Hoje foi divulgada a pesquisa quantitativa da Genial+Quaest com os mais recentes números da corrida à presidência da República. Os resultados apresentados mostram o candidato Lula com 45 por cento da preferência do eleitorado contra 23 por cento de Bolsonaro, 7 por cento de Sérgio Moro e Ciro Gomes (empatados), e os demais com 2 por cento ou menos. A pesquisa é longa, detalhada e mostra que o atual governo está clinicamente morto. No tocante ao segundo turno, caso haja, Lula sairia com 54 por cento da preferência contra 30 por cento de Bolsonaro. Nesse caso, Sérgio Moro teria 28 e Ciro Gomes 24 por cento. Registre-se que ao segundo turno chegam apenas dois candidatos.

Por conta disso o atual presidente faz política de terra arrasada. Ele quer, se vier mesmo a perder, deixar para seu sucessor um país quebrado, ingovernável, com miséria absoluta, instituições destruídas e um campo fértil a uma oposição feroz, capaz de não deixar pedra sobre pedra. A PEC no Senado e já com assinaturas que garantem sua tramitação, zera impostos sobre os combustíveis. Sem contrapartida de geração de receita ela é simplesmente suicida. Não há como defendê-la, a não ser com a compra do apoio de parlamentares federais que estão sempre à venda nos lupanares de Brasília.

Há uns dois dias o vice-presidente Mourão foi questionado sobre a destruição do meio ambiente no Brasil e veio com essa joia: não há pessoal suficiente para fiscalizar. Claro que não, porque os órgãos ambientais foram dilapidados desde o primeiro dia do governo e uma legislação canalha torna praticamente impossível multar crimes nessa área. Estamos entregues à sanha dos grileiros, desmatadores, garimpeiros ilegais, destruidores de reservas indígenas e mais todos os criminosos que cercam o atual presidente, como os milicianos. Bolsonaro precisa perder essa eleição de outubro para que um novo governo assuma, mesmo com a política de terra arrasada vigorando até o final do ano.

Se até lá ainda houver país para governar.

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