7 de novembro de 2023

Os novos nazistas


Árvore dos salmos

Mahamound Darwich

No dia em que minhas palavras forem terra...

Serei um amigo para o perfilhamento do trigo bom

No dia em que minhas palavras forem ira

Serei amigo das correntes

No dia em que minhas palavras forem pedras

Serei um amigo para represar

No dia em que minhas palavras forem uma rebelião

Serei um amigo para terremotos

No dia em que minhas palavras forem maçãs de sabor amargo

Serei um amigo para o otimismo

Mas quando minhas palavras se transformarem em mel

Moscas cobrirão

Meus lábios!...

Os garotos e meninas de Israel entram na escola muito cedo e fazem obrigatoriamente todo o ensino fundamental. Desse momento de suas vidas ao término do ensino básico, vão diretamente para o serviço militar que também é obrigatório. Curso superior é feito depois e para aqueles que puderem. No ensino fundamental aprendem, nos livros didáticos, que os palestinos são seres inferiores. Geralmente associados a terrorismo, acabam mostrados nas escolas como gente de bairros paupérrimos, sempre com máscaras nos rostos e, nas fotos dos lugares onde eles supostamente vivem, não aparecem pessoas. Nurit Peled-Ehhanan, israelense e estudiosas crítica do  atual governo de seu país, denuncia isso em longo e pungente depoimento e mostra como todos são preparados para chegar às forças armadas de seu país com o ódio no coração.

Quando Israel foi construído sobre terras roubadas aos árabes, muitos colonos que viviam em acampamentos receberam suas primeiras casas. Houve caso de gente que entrou em seu novo domicílio encontrando no interior bens que eram anteriormente dos palestinos e árabes expulsos do lugar. Poucos recusaram o novo endereço. Os que fizeram isso disseram que não iriam repetir o que os nazistas tinham feito com os judeus no holocausto.

Quem tem Netflix em casa deve ver lá a série "All the Light We Cannot See". Passada numa pequena cidade francesa ao lado do mar, denuncia os dramas dos moradores ao final da II Guerra Mundial, quando os aliados intensificaram os bombardeios sobre toda a região. Eles lançaram panfletos pedindo aos residentes para irem embora e os alemães fecharam todo o perímetro urbano, bloqueando as saídas. Vista pela ótica de uma garota cega, a história mostra como foram didáticos os ensinamentos nazistas para boa parte dos judeus que pouco tempo depois viajaram para invadir as terras dos palestinos.

O que os israelenses fazem hoje escudados pelo fato de o Hammas ter cometido o desatino de matar mais de 1.400 pessoas, é a repetição da essência da ideologia nazista que partia do princípio de que os judeus eram serem inferiores, responsáveis por todos os males da Alemanha e por isso mereciam ser exterminados. Gaza é agora, nesse momento, a repetição de uma tragédia. O que estamos vendo é a solução final para o caso palestino.

Muitos daqueles que sofrem no dia-a-dia o terror de Israel não aceitam mais que suas palavras se transformem em mel. Preferem morrer a passar por isso. E em consequência as crianças se tornam as maiores vítimas. Como aconteceu no primeiro holocausto.   

2 comentários:

Anônimo disse...

A história se repete para desânimo e medo de todo o mundo. Para conquistar o poder, o “humano”deixa fluir o instinto animalesco e sanguinário que existe em si.
Um inferno!

Anônimo disse...

É o que, por vezes, digo: tinha lá Hitler as suas razões...