20 de julho de 2024

O AR-15 e a democracia

Não importa a ideologia que você tenha ou venha a ter um dia; quando ouvir falar em democracia jamais associe esse termo à extrema direita política que nos Estados Unidos é capitaneada por Donald Trump e no Brasil tem seguidores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lembre-se: foi a esquerda política brasileira aliada a setores mais lúcidos da centro-direita quem desgastou e derrubou a ditadura militar 1964/1985. Os idólatras do Fuzil AR-15 odeiam democracias e tudo o que possa se ligar a elas. Mesmo quando um deles belisca a orelha do protofascista favorito à presidência do maior império do mundo.

O fuzil AR-15, hoje símbolo americano é um Colt. Segundo a Associação Nacional de Rifles dos Estados Unidos existem 20 milhões de modelos desta arma comprados legalmente por lá. Vira e volta um deles é usado em massacres que acontecem sempre em qualquer ponto do país. Em 2004, durante o governo George W. Bush foi derrubada lei que impedia a comercialização de armamento militar para uso civil. Em 2005 surgiu a Lei de Proteção ao Comércio Legal de Armas e assim a indústria armamentista deixou de ser responsável pelo uso irregular de fuzis ou outros tipos de armamento. De 2002 a 2012 a produção de "rifles" cresceu 160 por cento e se tornou acessível à grande maioria da população. E a lei de proteção não considera o AR arma militar porque ele só dispara um tiro a cada vez que o gatilho é pressionado (não se trata de metralhadora). Então acabou classificado como "fuzil esportivo moderno". Lá nos EUA qualquer um pode sair de uma loja com um deles debaixo do braço por preços que variam de 400 a dois mil dólares, dependendo do modelo e de adicionais como, por exemplo, tripé, mira telescópica (luneta), etc.

No discurso do band-aid Trump não tocou em democracia a não ser de passagem. Falou de tudo o mais, sobretudo na sua crença de um Estado de Direito relativizado e com armamento letal sendo vendido regularmente e mostrado no comércio sobre bandeiras dos EUA (foto). Ele evita falar que "povo armado não pode ser escravizado". Sabe que esse povo armado é seu exército particular e de todos os que lutam por uma sociedade de regras a cada dia mais frouxas e com uma Constituição em constante perigo de dissolução. Afinal, para o movimento extremista mundial liberdade é só um detalhe menor. Tanto que nenhum deles fazia parte da luta anti ditadura de direita política nem aqui a nem em outro país onde isso aconteceu nos tempos modernos.

No Brasil grande parte da população que hoje engrossa as fileiras da extrema direita não sabe onde está o fundo do poço. Mas ele é bem profundo. Se as forças democráticas não tiverem força e clareza para lutar contra essa praga neofascista, os inocentes uteis ou adesistas vão descobrir que o fundo fica bem lá embaixo, onde a vista não alcança. E de onde não vai dar para sair mais.         

3 comentários:

Gerusa Contti disse...

E quem poderá parar essa gente? Há alguma luz no fim do túnel?

Anônimo disse...

Artigo excelente.

Anônimo disse...

Inacreditável como sistema político americano se transformou!
O Partido Republicano, aliado a radicais, levará Trump ao poder?
É de pensar… será que povo armado pode ser escravizado?
Os inocentes úteis acham que não!