14 de dezembro de 2010

O Aero Escárnio


O presidente Lula considera uma "humilhação" que a presidente eleita Dilma Roussef viaje depois da posse no avião da Presidência da República, pois ele tem que fazer escalas em deslocamentos de longa distância. Trata-se de um Airbus A-319, versão executiva, com itens de segurança e que custou aos cofres públicos a bagatela de US$ 57 milhões.
Falando pouco, aproveitando-se do silêncio quase total, o presidente vai providenciar para sua sucessora o sucessor do Aero Lula. O Aero Dilma, caso o contrato venha mesmo a ser celebrado, custará nada menos que R$ 300 milhões. Um Airbus A-330 que, na versão de passageiros, pode levar mais de 200 pessoas distribuídas em três classes.
Poucos são os países do mundo que têm aviões para uso exclusivo de seus presidentes. O Brasil é um deles. E agora terá outro. O custo total da manutenção dessas aeronaves chegará a uma fortuna mensal. Ainda mais porque além dos dois Airbus o governo também comprou jatos Embraer 190 - para rotas mais curtas - e dispõe de aviões de pequeno porte da FAB, igualmente em versão executiva e também para atender a autoridades. Com ou sem escala.
Ou isso é um escárnio num país onde o salário mínimo mata de fome uma família de mais de quatro pessoas ou então estamos todos cegos. E devemos estar mesmo, porque a presidente eleita venceu as eleições com 12 milhões de votos de vantagem. E a classe política, que vai negar à imensa maioria dos brasileiros um mínimo de míseros R$ 600,00, aprovou para ela própria quase R$ 26 mil de salários, afora inúmeras vantagens, a partir de fevereiro de 2011.
O vereador eleito Tiririca, que chega ao Congresso Nacional ano que vem montado em 1,3 milhão de votos, conquistados em sua imensa maioria junto às camadas pobres da população, disse ao visitar Brasília que acha o aumento dos parlamentares "bacana, legal". E tem razão. Palhaço não é ele, não. Palhaços somos nós. Inclusive cerca de 1,3 milhão de eleitores de São Paulo.

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