28 de dezembro de 2010

Os que têm vergonha


As TVs mostraram ontem imagens que não se pretendia ver num final de ano e de governo: estudantes sendo espancados em Brasília pela Polícia Militar (foto) porque protestavam contra os aumentos que os três poderes se concederam sob o beneplácito do silêncio do Palácio do Planalto. E isso num dia em que o presidente que sai anunciava o aumento do salário mínimo: R$ 30,00.
No Brasil, os que apanham em praça pública são os que têm vergonha na cara!
Aqui no Espírito Santo, no mesmo dia em que os deputados se presenteavam com salários superiores a R$ 20 mil mensais, também era aprovado e encaminhado à aprovação do governador subsídios ou diferença do Judiciário e do MP que vão custar aos cofres públicos uma fortuna. Em dinheiro necessário a áreas vitais como saúde, educação, geração de postos de trabalho, segurança e infra-estrutura.
A classe política justifica seu reajuste auto-concedido como sendo o atendimento a uma velha reivindicação. Mas também é uma antiga reivindicação daqueles que estavam nas ruas sendo agredidos que os políticos sejam honestos. E eles não são. Que vivam, sobretudo publicamente, com vergonha na cara. E eles não vivem.
É reivindicação da população brasileira que a classe política a represente, e ela não esteve nunca tão distante disso. Está certo que ela é eleita e, portanto, exerce seus mandatos legalmente. Como vai acontecer agora com Tiririca. Mas é certo também que os poucos que apanharam em Brasília têm o sagrado direito de, numa democracia, tentar alertar aqueles milhões que votam sem compromisso com o passado, com o presente e com o futuro.
Diz-se, finalmente, que esses protestos irritaram Lula. O que sai, para dar lugar à que entra. Ora, Lula, aproveite o tempo disponível e vá plantar batatas. Agora você pode!

Nenhum comentário: