6 de janeiro de 2011

De Garibaldinho para Garibaldi


Quem viu televisão ontem, 05/01, ficou "emocionado". Nas solenidades de posse dos deputados federais e senadores que vão cumprir mandato tampão de menos de um mês durante o recesso parlamentar - no caso dos senadores, alguns que estão em meio de mandato entregam o cargo por até quatro anos - houve um que foi aos prantos.
Garibaldi Alves (olhem: ele é o do meio na foto), assumiu o posto de senador no lugar do filho do mesmo nome e foi às lágrimas durante o discurso de posse. Agradeceu ao filhote, agora ministro de Dilma Roussef, por ter permitido a ele realizar um sonho aos 87 anos de idade. Tornou-se autoridade. Vai ser chamado de "excelência". Terá toda uma entourage em seu entorno e várias verbas generosas para gastar além do também gordo salário. Tudo constitucional.
Ele merece. Afinal, quando era pequeno, Garibaldinho ganhou do pai quantos presentes? Estudou em boas escolas, teve seus desejos atendidos e, ao ingressar na política, toda a família o apoiou. E é próprio dos oligarcas manter o controle dentro da família. Assim, os estados, sobretudo no Norte/Nordeste, se tornam feudos, capitanias hereditárias, onde o poder é transferido de pai para filho. Como nas monarquias antigas, de mais de dois mil anos, onde era comum o casamento entre irmãos, garantia de que os filhos seriam realmente parentes em primeiro grau. A transferência de poder e riqueza estava garantida dentro da família.
Isso tudo é constitucional porque a Constituição e as leis de maneira geral são feitas pelo Legislativo. E ele, sendo oligarca, não apenas estende mas amplia seu poder. Sempre. Quase todos os dias. Como ocorre no Judiciário, este corporativo e que também se defende de todas as formas possíveis e imagináveis sob a alegação de ser essa uma atividade ímpar, já que seu membro não pode ter outro vínculo de trabalho que não seja o magistério.
Garibaldinho emocionou o pai. Parecia estar preocupado com a possibilidade de o velho morrer na solenidade. Mas ele sobreviveu. E se passar mal de agora em diante, terá todas as honras e todas as pompas para se tratar. Sua excelência, caso necessário, será atendido no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. E a conta virá para nós.
O país das oligarquias políticas funciona assim. Só me atrevo a dizer que a culpa não é dele. Nem de Garibaldi, nem de Garibaldinho, nem dos demais como José Sarney. A culpa é nossa, embora a imensa maioria de nós, brasileiros, ainda não tenha estrutura intelectual para entender isso.

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