29 de setembro de 2011

Devagar, mas devagar e sempre


Devagar vai crescendo no Brasil todo o grito popular contra a corrupção. Como sempre, começa com os jovens. Devagar, mas devagar e sempre, ele vai tomando as ruas e assusta membros dos três poderes da República, principalmente os do Poder Legislativo.
Recentemente, 594 vassouras pintadas de verde e amarelo foram plantadas numa praia do Rio de Janeiro e depois levadas para Brasília (foto) onde ficaram em frente ao prédio do Congresso Nacional. Muito justo! Afinal lá "trabalham" 513 deputados federais e 81 senadores. O total dá o número exato de vassouras. Destes, 150 parlamentares respondem a processos vários, segundo o site o Congresso em Foco. Tem quem responda por má administração de verbas públicas, por ter participado do Escândalo do Mensalão, por atentado violento ao pudor e estupro, dentre outras coisinhas mais. Poucas cadeias brasileiras abrigam faunas tão diversificadas.
Mas o que impressiona é o número. Se nós tivéssemos 600 congressistas - não estou sugerindo isso, minha gente -, os processados seriam exatos 25 por cento. São pouco menos do que isso, mas praticamente um em cada quatro. A proporção gigantesca, impossível de ser encontrada fora das prisões, assusta a qualquer um. Deveria assustar mais àqueles que votam pela absolvição de seus pares envolvidos em falcatruas, por corporativismo ou medo de um dia virem a ser alvos, eles também, de processos de cassação. Contribuem, e muito, para a quase certeza que o brasileiro tem de que todo político é ladrão, embora isso não seja verdade.
Por causa de coisas como essas, o Congresso não age como tal. Não legista embora essa seja uma função típica sua. Não fiscaliza o Poder Executivo, embora também tenha que cumprir tal tarefa. Administrar e julgar seriam as tarefas atípicas que, por via de consequência, ele igualmente não exerce.
Para que serve tal poder? É o que o brasileiro está aos poucos perguntando em um movimento que pode - tomara - ocupar as ruas com milhares de pessoas. Afinal, parte das vassouras colocadas em frente ao Congresso sumiu. Nada mais previsível!

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